Quadrilha morta pelo Bope roubaria R$ 500 mil e ouro de político em Cuiabá

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Dois sobreviventes do confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Cuiabá, que resultou em seis mortes, no mês passado, disseram, em depoimento à Polícia Civil, no dia 11 deste mês, que a quadrilha pretendia, naquele dia, cometer um assalto à chácara de um político e que no local tinha R$ 500 mil em dinheiro, além de ouro e pedras preciosas. No entanto, não foi citado o nome do dono da propriedade.

Os depoimentos foram colhidos pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no âmbito do inquérito que apura as mortes ocorridas no dia 29 de julho, entre elas do policial militar Oacy Taques, de 30 anos, e do filho de um sargento da PM.

Rogério da Cruz Liberatori, de 24 anos, e Geovane Ferreira Sodré, de 27, estavam em um dos carros atingidos com vários tiros durante confronto com policiais do Bope. Eles conseguiram fugir do local e sobreviveram. Os outros morreram.

Eles foram ouvidos pela polícia acompanhados de advogados e deram versões semelhantes. Os dois afirmaram que tinham sido convidados a participar do plano pela mesma pessoa: Jhon Dewyd Bonifacio de Lima, de 22 anos.

Simulação de assalto

Rogério disse que o convite tinha sido feito cerca de um mês e meio antes do confronto e que, segundo Dewyd, como era conhecido, um segurança que também iria participar do crime tinha informações privilegiadas sobre os bens de valores que havia na chácara.

Oacy da Silva Taques Neto é um dos 6 mortos em confronto com o Bope

Segundo ele, o dinheiro seria proveniente de corrupção e que seria entregue a um advogado. No entanto, não foram repassadas a eles detalhes da localização da chácara e que o político chegaria no local de 6h daquele dia.

O plano era simular um roubo, com o apoio de seguranças desse político.

Quem repassou informação para um dos membros da quadrilha foi o segurança que trabalha para o político. Ainda segundo o depoimento, o ato criminoso deveria acontecer no início de julho, mas foi cancelado por orientação do próprio segurança.

“O cara falou que trabalhava com o político como segurança, que o outro segurança também estaria participando do roubo. Que era para acontecer no início de julho, mas foi cancelado pelo segurança. Naquela oportunidade seria roubado o valor de R$ 150 mil”, diz outro trecho do depoimento, que não cita o nome deste segurança.

Os criminosos explicaram ainda que haviam combinado de tomar a arma do segurança para simular um assalto. “Contou ao depoente que quando se encontrou com esse segurança, ele mostrou uma pistola e disse que eles iriam simular um roubo e era para tomar aquela pistola dele”, complementou.

O confronto

Nos depoimentos constam que o grupo de nove pessoas saiu em três carros. Eles estavam armados com pistolas e revólveres. Quando chegaram próximo ao local, um dos carros acelerou e começaram os tiros. O primeiro atingido foi o motorista do Corolla.

Eles chegaram a relatar que não viram nenhum carro da polícia, nem policiais e que houve muitos disparos.

Na fuga, Rogério chegou a ser atingido com um tiro e foi para policlínica. Depois encaminhado ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).

A defesa dos suspeitos alega que não houve confronto e que já pediu ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Militar investigação sobre o caso.

A assessoria da Polícia Militar informou que a Corregedoria Geral da Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar(IPM) para apurar as circunstâncias do confronto e que as investigações estão em andamento.

No confronto, morreram Gabriel de Paula Bueno, 20 anos, Jhon Dewid Bonifacio de Lima, 22, Andre Felippe de Oliveira silva, 24 e Willian Dhiego Ribeiro Moraes, 37, Leonardo Vinícius Pereira de Moraes, 24, e o policial militar Oacy da Silva Taques Neto, 30.

Quatro policiais militares envolvidos nessa ocorrência foram remanejados para atividades internas, até a conclusão da investigação.

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