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sábado, janeiro 18, 2025

Vargas Llosa, a música e o futebol

Prêmio Nobel de Literatura em 2010, o peruano Mario Vargas Llosa, aos 88 anos, anunciou que seu último livro, “Dedico a Você Meu Silêncio”, é o derradeiro romance de sua lavra, embora ainda queira publicar um ensaio sobre o filósofo francês Jean-Paul Sartre, mestre dele na juventude.

Lançada pela Alfaguara em novembro último, a obra está longe de poder ser comparada ao que escreveu para ganhar o Nobel.

Nela, contudo, apresenta a interessante tese de que a música pode ser instrumento para unificar um país, no caso, a valsa peruana.

Apaixonado por futebol, cita duas vezes Héctor Chumpitaz, tido como melhor zagueiro da história do futebol peruano, mas confere à música, não à bola, o maior potencial de união.

Llosa foi entusiasta de Fidel Castro e o trocou por Alberto Fujimori, em impressionante metamorfose de um extremo ao outro, razão pela qual decepcionou antigos leitores e não ganhou novos, pois os fascistas, em regra, têm ojeriza à cultura.

Conheci Llosa na tribuna de imprensa do estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha, na Copa do Mundo de 1982, apresentado por Alberto Dines, que com ele havia sido professor-visitante na Universidade de Columbia, em Nova York.

Llosa cobria o Mundial pelo jornal espanhol ABC, e Dines, pela revista Playboy, e foi o grande jornalista brasileiro quem abriu sua magistral reportagem com citação ao poeta peninsular Federico García Lorca para se referir à abertura da Copa: “A las cinco de la tarde. Eran las cinco en punto de la tarde”.

De volta a Llosa, autor de preciosidades como “Conversa na Catedral” e “Tia Julia e o Escrivinhador”, deixar de lê-lo por motivos ideológicos equivale a fazer o mesmo com Nelson Rodrigues, bobagem sem tamanho.

Independentemente de não chegar perto de seus melhores livros, este “Dedico a Você Meu Silêncio”, 205 páginas, vale, a começar pelo título, pela ousadia da tese sobre o poder unificador da música, apesar de ele ver qualidades eróticas na valsa peruana que não identifica nem no tango, nem no samba, no que incorre em pecado chauvinista.

Em tempos de polarização, nos quais houve energúmenos capazes de torcer contra Fernanda Torres no Globo de Ouro, talvez só mesmo o futebol, em Copas do Mundo, seja capaz de unir uma nação. E olhe lá, porque há controvérsias.

FÉRIAS EM SÉRIE

“Meu Querido Zelador”, “Nada” e “O Museu” são notáveis séries argentinas que estão na Disney dirigidas pela dupla Gastón Duprat e Mariano Cohn.

Além delas, as férias deram tempo para ver “A Caçada”, com Al Pacino, no Prime Video.

E o belíssimo “O Trem Italiano da Felicidade”, na Netflix, baseado em fatos reais na Itália do pós-guerra.

Se a rara leitora e o raro leitor quiserem se divertir ainda mais, procurem o “El Clásico” completo que decidiu a Supercopa da Espanha, em 5 a 2 sensacional do Barcelona sobre o Real Madrid, na noite em que Raphinha pôs Vinicius Junior, Mbappé e Bellingham no bolso.

SE VIRA MODA

Gisele Bündchen está sendo processada por ter feito propaganda para instituição financeira que causou prejuízo aos investidores.

É polêmico, mas, se a moda pegar nas famílias destruídas pelas bets, haverá febre alta no mundo dos que as anunciam.


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noticia por : UOL

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