O Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal (Sintap/MT), que representa os servidores do Indea e Intermat, rebateu a propaganda da Aprosoja que exige uma reforma administrativa no Brasil antes de ser aprovada a reforma tributária. Segundo os representantes dos servidores, a instituição ligada ao agronegócio está tentando “demonizar” o funcionalismo público perante a sociedade.
Diante disso, o Sintap procurou fazer um levantamento dos resultados obtidos por parte dos produtores de soja e traçou um comparativo entre as situações das duas categorias. Além disso, denunciou que a Aprosoja recebe uma “gorda fatia” do Fethab.
Em Mato Grosso, são cultivados mais de nove milhões de hectares de soja. Conforme dados do Imea, em cada saca de 60 quilos, o produtor tem lucro de R$ 5.170 mil, já descontado o custo da produção.
Cada hectare produz cerca de 63 sacas de 60 quilos. “Com isso, podemos concluir que quem planta 100 hectares de soja ganha líquido R$ 500 mil por ano, porém, a grande maioria das lavouras matogrossenses é muito superior a esse tamanho, sendo que o imposto pago conforme o Imea é de apenas R$ 150 sobre um custo de R$ 4,2 mil por hectare, ou seja, 100 hectares plantados de soja daria um custo de apenas R$ 15 mil de impostos e R$ 500 mil de lucro”, afirma o Sintap.
Este valor representa apenas 3% do custo total da lavoura por hectare, sendo ainda, que, destes 3% de “impostos” em um total de aproximadamente R$ 150, o valor de R$ 6,20 é destinado a Aprosoja através do Fethab. O recurso retirado do Fethab, que seria destinado à população, é direcionado à Aprosoja, que é uma instituição privada.
A diretoria do Sintap colocou ainda que, conforme os dados fornecidos pelo próprio Imea, o valor repassado pelo Fethab a associação está em torno de R$ 6,20 por hectare o que multiplicado pelos mais de nove milhões de hectares de plantio podem alcançar a cifra de R$ 54 milhões por ano. “Neste caso é importante salientar que a administração pública tem a obrigação de dar transparência aos dados públicos, por que a Aprosoja não faz o mesmo divulgando sua prestação de contas. Quem cobra deve dar o exemplo”, afirma Sintap/MT.
Para o Sintap/MT, esse seria o real motivo do agro querer, em primeiro lugar, a reforma administrativa e somente depois a reforma tributária para continuar pagando poucos impostos. “O servidor tem seus impostos descontados diretamente na fonte ao receber seu salário, e o agro paga poucos impostos proporcionalmente”, diz o Sintap.
Neste contexto, com dados obtidos do Imea, um produtor de soja com apenas 24 hectares receberia líquido o valor de R$ 120 mil por ano, que dividido por 12 meses, resultaria em um salário líquido de R$ 10 mil mensal. “Quantos cidadãos e servidores públicos mato-grossenses recebem esse salário líquido por mês? Além de terem esses lucros altíssimos, praticamente não pagam impostos. Então, quem lhes dá o direito de atacar os servidores que trabalham diuturnamente em atender o cidadão deste Estado e pagam proporcionalmente muito mais impostos?”, diz a diretoria do sindicato, que ainda complementa, “apoiamos e desejamos o sucesso do agro, porém, entendemos que as riquezas devem ser melhores distribuídas”.
Fonte: Folhamax