O nomeado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o cargo de secretário de Defesa, Pete Hegseth, foi aprovado nesta sexta-feira (24) pelo Senado americano pela margem mais estreita possível —51 votos a favor e 50 contra. O ex-militar e ex-apresentador da Fox News assumirá a pasta que controla as agências de segurança e as Forças Armadas.
Em dias de sabatinas tensas com os senadores, Hegseth teve de responder acerca de possíveis intenções e decisões no cargo e questões sobre seu passado, que incluem acusações de abuso sexual, bebedeira descontrolada e assédio moral —em relação a isso, o indicado apenas afirmou se tratarem de “difamações anônimas”.
Com maioria republicana no Senado, Hegseth somente não seria aprovado caso três políticos do partido não o apoiassem. O que, em tese, seria pouco provável; na prática, foi um tanto mais difícil.
Nesta quinta (23), durante uma votação parcial, que avançaria ou não a nomeação de Hegseth, duas senadoras republicanas declinaram sua indicação. Susan Collins, do estado do Maine, e Lisa Murkowski, do Alasca, tomaram tal decisão principalmente devido às acusações de uma ex-cunhada de Hegseth, que o descreveu como frequentemente embriagado e abusador com sua segunda esposa.
Também pesou contra o indicado sua falta de experiência em gestão —Hegseth deixou o exército como major, longe do topo da carreira—, suas opiniões declaradas depreciando o papel das mulheres nas Forças Armadas e seu ceticismo sobre proibições contra tortura e as Convenções de Genebra.
Para que a nomeação fosse confirmada, Hegseth não poderia perder outros senadores republicanos. Nesta sexta, a votação final ficou empatada em 50 x 50 quando o ex-líder do partido Mitch McConnell votou contra o indicado; coube a vice-presidente, J. D. Vance, dar o voto de desempate —nos EUA, o vice é o presidente do Senado e tem essa prerrogativa.
Segundo os senadores democratas, o novo secretário não tem a qualificação que Trump espera dele. A bancada tentou, inclusive, convencer seus opositores políticos a votar contra a nomeação. Os membros do Partido Republicano, no entanto, seguiram o desejo do presidente e chancelaram Hegseth como secretário de Defesa.
Hegseth assumirá a pasta já carregado de declarações polêmicas e controversas quanto à participação de mulheres em posição de combate. Durante uma das sabatinas, o secretário mudou o tom de seu discurso —que antes era contra mulheres nessas posições— e afirmou que apoiaria profissionais femininas nesses lugares “se os padrões não forem alterados”. Os padrões, segundo ele, devem ser baseados em “igualdade, não equidade”.
A relação com Trump também foi alvo no Senado quando Hegeth foi perguntado se cumpriria possíveis ordens ilegais do presidente. O sabatinado se esquivou, afirmou não acreditar nessa possibilidade, e não respondeu diretamente aos questionamentos.
O ex-militar também deve implementar mudanças que prometeu durante as sessões. Segundo ele, as Forças Armadas têm uma crise de liderança e, por isso, irá “restaurar a cultura do guerreiro” no Pentágono. Hegseth insinuou anteriormente que poderá substituir generais do primeiro escalão, incluindo os que formam o Estado-Maior.
A expectativa é que Hegseth assuma o cargo e lidere a pasta da Defesa bastante próximo aos direcionamentos de Trump, que, em seu segundo mandato, parece ainda mais influenciado por agentes externos inéditos. Lê-se, a exemplo, Elon Musk, CEO da SpaceX, e Peter Thiel, cofundador do grupos de tecnologia de defesa Palantir.
noticia por : UOL