O fato é que o pacote de corte de gastos, que está no Congresso, reduz substancialmente as despesas. Mesmo não tendo a “severidade” (na hipótese de que a palavra seja essa) que os mercados esperavam, sabe-se que enfrenta dificuldades no Parlamento. Parcela dele aproveitou para chantagear o governo e pôr no seu pescoço a faca das emendas, fontes hoje de escândalos pavorosos. Que outras medidas viáveis os valentes críticos tinham e têm em mente? Reitero: teriam de ser viáveis. Soluções mágicas eu também tenho. Resolvo em uma linha. Em menos. Sem palavras. Num estalar de dedos.
ALIMENTANDO O MONSTRO
“Olhe para os juros futuros, Reinaldo…” É claro que olho. Eu, “o que não entende nada de economia”, comentei que, ao dar uma pancada nos juros de um ponto e anunciar, de uma vez só, mais duas elevações de igual monta, o BC estava mais criando espalhafato nos mercados do que propriamente tranquilizando-os. Se o objetivo era provocar uma reversão na especulação cambial, corria-se risco de provocar o contrário. E provocou.
A ata divulgada nesta terça parece mais uma peça de terrorismo econômico do que propriamente de administração racional de expectativas. Acompanho, desde que existe, esse negócio de ata do Copom. Não tenho memória de uma cuja leitura pudesse ser assim sintetizada: “O crescimento está fora do controle e tudo faremos para derrubá-lo”. Se o BC já anunciou que, em março de 2025, a Selic vai para 14,25%, por que as apostas em juros futuros não disparariam? Mas é pergunta de quem não entende, é claro! Os que entendem, insisto, foram surpreendidos neste ano por um crescimento que pode chegar perto de 4%. Cometeram um erro de mais de 100%. É uma profissão ingrata.
COMEÇO A CONCLUIR
O Congresso encerrou ontem a votação da reforma tributária. O país e os agentes econômicos deveriam estar a comemorar. E, no entanto, trata-se a coisa como uma quase irrelevância. Obra de um governo, em articulação com um Congresso hostil, que conseguiu fechar um acordo histórico com o Mercosul e que aprovou um arcabouço fiscal.
Também retomou os programas sociais e levou o país a uma taxa historicamente baixa de desemprego, o que contribuiu para aumentar a renda dos salários. “Tudo com anabolizantes”. Quais? Segundo a OCDE, o país foi o segundo destino no mundo de investimentos estrangeiros no primeiro semestre. Neste ano, o país bateu recorde mundial na venda de carros. De janeiro a setembro, a venda de imóveis novos cresceu 22,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Com inflação descontrolada e risco iminente de calote? Tenham paciência!
CONCLUO
Sim, um amigo me disse, quando comentei aquele trecho da reportagem do Valor: “Qual a surpresa, Reinaldo? Se Lula anunciar amanhã que não vai ser candidato em 2026, o dólar realmente despenca…”
noticia por : UOL