O destino do Nunes está diretamente relacionado com arroz e com feijão. Eu explico. O governo Lula está com bons indicadores na economia, que deve crescer 3,5%, o desemprego chegou a 6,1%, o menor da série histórica desde 2012, a renda do trabalhador vem aumentando, o Natal e essas festas de final de ano tiveram muita compra, mas, ao mesmo tempo, a inflação, principalmente, é muito grande. Então, o que acontece? A popularidade do Lula baixa, reduz por conta disso, por conta da questão da qualidade de vida que acaba reduzida pelo poder de compra.
Se chegar em 2026 com o poder de compra lá no alto, o que vai acontecer com o Lula? O Lula vai aumentar a popularidade. O Lula com uma popularidade maior, ele pode botar um sucessor como Haddad para concorrer ou, se a popularidade não tiver tão grande, ele mesmo pode sair.
Nesse caso, se o Lula sai com a economia razoavelmente bem, o próprio Kassab, que é o homem forte do governo Tarcísio, já falou um milhão de vezes que ele acha que o Tarcísio não deve sair [candidato à Presidência] nessa condição. E aí o Tarcísio tenta a reeleição. Então é o seguinte, se o feijão e o arroz baixar, não só o feijão e arroz, mas os alimentos, feijão e arroz principalmente, que é um ótimo indicador, feijão, arroz, picanha, cerveja, baixarem.
O que acontece? Tarcísio sai para a reeleição, não vai discutir a Presidência da República. O mais provável é esse desenho. Se Tarcísio sai para a eleição, o Nunes não tem uma cadeira para correr atrás em 2026, porque ele poderia renunciar em 2026 e tentar o Palácio dos Bandeirantes. Mas isso só acontece se Tarcísio sair. Caso contrário, o Nunes sai, pode até se tornar um secretário do Tarcísio ou ficar na a fila de espera buscando uma saída para 2026. Nesse caso, para 2028 ou 2030, nesse caso fica um pouco mais difícil para o próprio Nunes, que vai ficar fora do poder durante um bom tempo.
E aí fica difícil para ele pleitear o Bandeirantes, o que seria mais fácil caso ele saísse da Prefeitura de São Paulo e tentasse o Palácio do Bandeirantes. É por isso que o futuro do Nunes depende, é claro, das relações com o centrão, depende do apoio dos partidos que estão com ele, depende do apoio na Câmara dos Vereadores, que ele vai ter maioria, mas depende também do arroz e do feijão.
Leonardo Sakamoto, colunista
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