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quinta-feira, janeiro 9, 2025

Saber escolher ferramentas pode compensar mais do que pagar por IA; veja como

Decidir pagar ou não por ferramentas mais sofisticadas de inteligência artificial (IA) pode ser difícil, com tantas opções no mercado. Para a maioria das tarefas rotineiras, planos gratuitos podem ser suficientes, mas a escolha ideal exige clareza sobre quais problemas serão resolvidos com a tecnologia, segundo especialistas consultados pela Folha.

“Dá para usar IA em tudo, a efetividade é que vai variar. Não é mágica, é uma ferramenta que precisa de estratégia”, diz Marcos Santos, diretor de inteligência da Igma, empresa que desenvolve produtos digitais para corporações.

As donas dos principais chatbots já oferecem acesso gratuito a modelos potentes. De maneira geral, modalidades pagas oferecem limite maior de perguntas por hora, prioridade em horários de pico, modelos ainda mais refinados e poderes específicos, como a geração de imagens.

A escolha também passa pela consideração de como cada plataforma usa informações inseridas pelos usuários. Em planos gratuitos, a coleta de dados para treinamento dos modelos costuma ser mais comum.

“Se você não está pagando, tem boas chances de você ser o produto”, afirma Tiago Tavares, professor de ciência da computação no Insper. “O custo de manter um chatbot rodando é alto, e as companhias precisam de usuários pagantes ou de modelo de negócio que mantenha as operações de pé”, diz.

As políticas mudam com frequência. Por isso, especialistas recomendam verificar os termos de uso atualizados de cada ferramenta antes de compartilhar informações sensíveis.

QUANDO E COMO USAR?

Problemas baseados em atividades repetitivas de escrita e análise de dados, por exemplo, são bons candidatos a receberem auxílio de IA, afirmam pesquisadores. Já a matemática, lógica e uso como fonte de informação são pontos fracos das ferramentas.

“Modelos como os do ChatGPT e Gemini funcionam melhor para corrigir textos e adaptar linguagem”, afirma Fabrício Carraro, engenheiro da computação e gerente de programas na Alura, plataforma de cursos sobre tecnologia.

Segundo ele, essas ferramentas são úteis para estudar, analisar imagens e trabalhar com programação. Mas têm limitações: como são baseadas em modelos probabilísticos —algo como treinadas para adivinhar a próxima palavra mais provável em uma frase—, e não para fazer operações, podem errar cálculos com mais facilidade.

As empresas desenvolvem estratégias para dar identidade própria a cada modelo de IA, e a expectativa do mercado é que usuários passem a escolher as ferramentas não apenas por eficiência, mas por características particulares na resolução de problemas.

A interface do Gemini Advanced, chatbot pago do Google, oferece integração com documentos do Drive, mensagens no Gmail e vídeos do YouTube, por exemplo. O ChatGPT Plus, da OpenAI, além de oferecer acesso ao o1, modelo mais avançado da empresa até então, integra a geração de imagens com o DALL-E, modo de voz avançado e criação de chatbots personalizados.

Outra forma de avaliar o desempenho do modelo é formulando perguntas cujas respostas já são conhecidas, e depois perguntar como a IA chegou nesse resultado, de acordo com Lunara Santana, cientista da computação e consultora técnica do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec).

“Desse modo você consegue ter uma noção do quão acurada aquele modelo de IA é”, afirma a especialista.

A escolha da ferramenta deve considerar também a transparência da empresa sobre seu funcionamento. Preferencialmente, a empresa deve ter documentos que expliquem características de processamento e privacidade de dados, atualizações corrigindo erros e limitações do sistema.

“Empresas mais conceituadas e universidades costumam essas informações ou parte delas. Além disso, existem grupos publicando isso em artigos, dos mais técnicos aos de linguagem mais acessível”, diz Santana.

FERRAMENTAS ESPECIALIZADAS

O universo da IA se estende além das ferramentas de conversação, e o mercado desenvolveu soluções para tarefas distintas fora dos chatbots mais famosos.

“Existem ferramentas mais apropriadas para tarefas lógicas e técnicas, e outras para trabalhos criativos, onde é preciso conectar diferentes contextos”, diz Santos, da Igma.

O NotebookLM, desenvolvido pelo Google, funciona como bloco de notas especializado em gerir documentos selecionados usando IA. A plataforma recentemente lançou função que converte as anotações pessoais do usuário em podcast.

O site theresanaiforthat.com reúne mais de 20 mil ferramentas de IA, organizadas para atender 15 mil tipos de tarefas em quase 5.000 profissões. A plataforma indica preços e versões gratuitas disponíveis para cada ferramenta.

Algumas ferramentas trabalham com criação de imagens e vídeos, outras atuam em nichos como otimização de posts para LinkedIn e design de estampas para camisetas.

5 PERGUNTAS PARA SE FAZER ANTES DE USAR IA PARA RESOLVER UM PROBLEMA

  1. Qual é o objetivo principal da tarefa? Defina claramente se você precisa de geração de texto, análise de dados, criação de imagens ou outra função específica;
  2. Em qual tipo de tomada de decisão a IA será empregada? Entenda se você precisa de um modelo mais criativo, capaz de trazer mais referências externas para ajudar na solução do problema, ou um modelo mais atento às informações dadas pelas fontes, mas menos propenso a trazer soluções inovadoras;
  3. Qual é o nível de complexidade necessário? Avalie se sua tarefa requer respostas simples ou análises mais profundas e contextualizadas;
  4. Qual é o volume de uso previsto? Considere a frequência com que você utilizará o modelo e se há limites de requisições nas versões gratuitas;
  5. Quais são as restrições de privacidade e segurança? Verifique se o modelo escolhido atende às suas necessidades de proteção de dados e confidencialidade.

noticia por : UOL

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