26 C
Cuiabá
sábado, janeiro 25, 2025

Reinauguração do Pacaembu tem reparos de última hora e imbróglio por alvará

A reinauguração oficial do estádio do Pacaembu, neste sábado (25), foi precedida de um mutirão para deixá-lo em condições adequadas para receber uma final de campeonato. A menos de 24 horas da disputa entre São Paulo e Corinthians pelo título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, mais de cem operários trabalhavam para terminar detalhes de acabamento do complexo esportivo.

Às 10h de sexta-feira, funcionários pintavam o portão principal do estádio, que conecta a praça Charles Miller ao setor norte da arena. Uma equipe fazia a limpeza do barro na pista de atletismo e no entorno do campo, que escorreu de um canteiro de obras ao lado do campo —e continuará ali por mais de um ano, até a inauguração de um edifício com hotel, restaurantes, centro médico esportivo e centro de eventos.

Enquanto nas arquibancadas restava pendente a instalação total do alambrado, a última faxina e a remoção de poucos entulhos, o trabalho estava mais intenso no lado oposto —no pátio que conecta a piscina, o ginásio e as quadras de tênis do Pacaembu.

Funcionários colocavam os últimos blocos do calçamento e faziam reparos nas portas e fachadas dos prédios. É por ali, no portão 23, que normalmente entram jogadores e autoridades.

Nos vestiários, a lavagem dos pisos era feita ao mesmo tempo que operários faziam ajustes na fiação elétrica, com alguns buracos no forro do teto ainda visíveis. Enquanto isso, policiais militares do 2º Batalhão de Choque faziam uma vistoria no local.

Mais de cinco anos após a privatização, a empresa Allegra —que venceu a concorrência para administrar o Pacaembu por 35 anos— considera que finalizou todas as obras obrigatórias da concessão e que o local está apto a receber novamente o público. Elas incluem o estádio, o ginásio, a piscina e duas quadras de tênis —todos imóveis tombados pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico.

Para que a entrega se concretize, porém, a concessionária ainda precisa receber da prefeitura o termo de aceite definitivo das obras. Só com esse documento é que o Pacaembu poderá receber o alvará final de funcionamento.

Caso contrário, continuará abrindo com base em alvarás temporários, para eventos específicos —já há shows de cantores sertanejos agendados. Cada um desses alvarás temporários representa custos adicionais para a empresa.

O alvará temporário para a final da Copinha foi alvo de questionamento nos órgãos de controle. Como a Folha mostrou, o documento considera que o jogo não é de alto risco porque terá público somente sentado e não envolve grupos com histórico de conflitos.

Toda a documentação considera que o clássico de reinauguração do Pacaembu não é um “grande evento esportivo”. Se fosse um evento considerado de alto risco, a aprovação demandaria novos documentos. Na quinta-feira (23), o conselheiro do TCM (Tribunal de Contas do Município) João Antônio questionou a prefeitura sobre a autorização e alertou sobre “a necessidade da observância rigorosa das normas aplicáveis”, inclusive de leis estaduais e federais.

A previsão é de chuva neste sábado na capital, o que representa mais um teste para a reinauguração. No último evento no estádio, a final masculina da Taça das Favelas teve de ser suspensa após parte do campo alagar.

Segundo a concessionária, o alagamento foi provocado pelo rompimento de uma tubulação pluvial que leva água da avenida Doutor Arnaldo para um reservatório subterrâneo abaixo da praça Charles Miller.

Mesmo com os equipamentos esportivos entregues, o Pacaembu ainda deve conviver por mais de um ano com obras. Isso porque ainda está em construção o edifício na área do antigo Tobogã, que conectará as ruas Itápolis e Desembargador Paulo Passaláqua. A construção está sendo modelada para não derrubar árvores de até 80 anos que finam no local.

O prédio vai abrigar 87 quartos de um hotel administrado pela Universal Music —o segundo empreendimento hoteleiro da empresa de música no mundo—, um centro de reabilitação esportivo, restaurantes no piso da passarela com saída para a rua, e um centro de eventos no subsolo que já foi inaugurado. A previsão da concessionária é que o edifício seja concluído no início do ano que vem.

A combinação entre hotel e shows no estádio é considerada estratégica pela Allegra, pois permite venda casada da estadia com as apresentações musicais. Os palcos devem ser montados de frente para as janelas do edifício, e haverá também uma área externa com acesso livre aos hóspedes.

Restará, após a primeira fase de entregas, o último imbróglio que envolve concessionária e prefeitura: um pedido de compensação à empresa no valor de R$ 22 milhões.

A Allegra afirma que teve prejuízos por causa da impossibilidade de realizar eventos durante a pandemia, erros no cálculo do tamanho do terreno e atrasos na emissão de licenças, autorizações e alvarás.

Ela apresentou um plano para incluir a praça Charles Miller na privatização, mas o pedido foi negado pela prefeitura. A empresa considera que o pleito de reequilíbrio do contrato ainda está em aberto, mas não diz quais planos vai apresentar como contraproposta à negativa da gestão Ricardo Nunes (MDB).

A reportagem teve acesso a quase todo o complexo esportivo durante os últimos reparos, mas não houve entrevista com os representantes da concessionária;

Com preços de R$ 30 (meia entrada) a R$ 120, os ingressos para a final do maior campeonato júnior do Brasil já esgotaram. Neste sábado, o público vai encontrar 42 novos banheiros, novos espaços para cadeirantes e tribunas reformadas. Estarão fechados os portões 5, 7, 11 e 15.

noticia por : UOL

PUBLICIDADE

NOTÍCIAS

Leia mais notícias