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quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Quem é o rapper Kanye West, ex-bilionário da Forbes agora processado por nazismo

Conhecido por ser o artista mais polarizador de sua geração, Kanye West está novamente envolvido em controvérsias. E, desta vez, das bem pesadas.

Já acusado de flertar com ideias nazistas em outras ocasiões, o rapper e produtor americano desafiou todos os limites possíveis no último final de semana, quando reduziu a oferta de sua marca de moda a um único produto: uma camiseta branca estampada com uma suástica negra.

A polêmica começou dias antes, quando West, de 47 anos, compartilhou uma série de mensagens provocativas no X — que incluíam, entre outras barbaridades, uma exaltação da figura de Hitler.

No domingo (9), o artista veiculou um comercial durante a transmissão do Super Bowl em que aparecia sentado numa cadeira de dentista e chamava o público para visitar o site de sua grife. Em tom irônico, ele atribuiu à simplicidade da produção ao alto custo de seu tratamento odontológico.

Depois de revelada a novidade bizarra de sua loja virtual — a já citada peça nazi —, vieram as consequências.

A marca de Kanye West foi removida da plataforma Shopify, usada para operar as vendas digitais de seus produtos, bem como a conta dele do X. Ambas as empresas alegaram que o rapper violou seus termos de uso.

Em seguida, o agente musical de West anunciou o rompimento de seu contrato com o artista. A mesma atitude foi tomada pela companhia responsável por sua representação.

Além disso, o site TMZ revelou que o artista está sendo processado por uma ex-funcionária de seu setor de marketing — e justamente devido aos seus comentários de cunho nazista e antissemita. De origem judia, a publicitária busca uma indenização por danos emocionais e assédio moral.

Segundo ela, o rapper fazia brincadeiras do tipo “Bem-vindos ao primeiro dia de trabalho para Hitler” e a chamava de feia, burra e cafona.

Artista desafiou os estereótipos do rap e inovou no mercado de moda

Natural de Atlanta, porém criado em Chicago, Kanye West é uma espécie de ícone da contradição. Começando por sua origem sociocultural, que destoa das narrativas comuns no ambiente do hip-hop.

Ao contrário de grande parte dos ídolos do gênero, ele não veio do gueto. Filho de uma professora acadêmica e de um fotógrafo, West cresceu com apoio familiar, acesso à educação e oportunidades de crescimento pessoal — condições que estimularam sua ousadia artística e ambição empresarial.

Essa trajetória que desafia os estereótipos do rap é o motor de sua obra, composta por álbuns que passeiam por diversos assuntos e sonoridades. Em paralelo à carreira musical premiada e lucrativa, o artista também se impôs como um inovador no mercado da moda, chegando a firmar uma parceria vitoriosa entre sua marca e a gigante Adidas.

Kanye ainda se destacou no campo do marketing. Especialista em autopromoção, desde o início da carreira chamou a atenção por suas opiniões politicamente incorretas e pela capacidade de criar situações “viralizáveis” — seu próprio casamento de oito anos com a influenciadora Kim Kardashian foi marcado por vários episódios nesse sentido.

West em 2002, quando ainda era casado com a influenciadora Kim Kardashian: especialista em autopromoção.West em 2020, quando ainda era casado com a influenciadora Kim Kardashian: especialista em autopromoção. (Foto: EFE/EPA/Ringo Chiu)

West sugeriu que a escravidão nos EUA foi uma “opção” dos negros

De uns anos para cá, no entanto, as declarações de Kanye deixaram de ser apenas apelativas e ganharam contornos mais radicais. Especialmente a partir de 2018, quando ele sugeriu, durante uma entrevista, que a escravidão nos Estados Unidos foi, em parte, uma escolha dos negros.

“A gente ouve dizer que a escravidão durou 400 anos. Quatrocentos anos? Parece uma opção”, afirmou o rapper, que também criticou a suposta exploração de jovens artistas negros por parte de empresários judeus do entretenimento.

Em 2022, o rapper chocou novamente a opinião pública ao aparecer usando uma camiseta com a frase White lives matter (“Vidas brancas importam”, uma resposta de grupos supremacistas brancos ao slogan “Black lives matter”).

No mesmo ano, em outra entrevista, ele fez seus primeiros elogios públicos a Adolf Hitler. “Todo ser humano tem algo de valor para trazer à mesa, especialmente Hitler”, disse, para depois pedir desculpas e atribuir seu comportamento a um transtorno bipolar recém-diagnosticado.

Rapper perdeu parte da fortuna após declaração polêmica

Para seus admiradores mais empolgados, Kanye West usa essas declarações ofensivas para expor contradições culturais e estimular a discussão sobre temas tabu.

Seus críticos, em contrapartida, o acusam de planejar cuidadosamente as provocações, muitas delas divulgadas antes do lançamento de um novo produto (seu próximo álbum, por sinal, está previsto para sair em junho).

Os números, no entanto, apontam que essa suposta estratégica “disruptiva” não é sustentável. Muito pelo contrário.

Em 2022, West viu sua fortuna cair consideravelmente após a Adidas repudiar suas posturas e se recusar a prosseguir trabalhando com ele. O rapper perdeu US$ 1,5 bilhão em função do rompimento desse contrato e acabou ficando de fora da famosa lista de bilionários da revista Forbes (onde figurou durante três anos).

Enquanto caminha na corda bamba entre o marketing do escândalo e a autossabotagem, Kanye West não arrisca apenas seu patrimônio. Ele coloca em jogo o próprio legado — que, a longo prazo, pode ser lembrado pela intolerância, em vez da inovação.

noticia por : Gazeta do Povo

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