quinta-feira, 22, maio , 2025 08:23

Promotoria contraria delação de Ronnie Lessa e pede condenação de ex-vereador por homicídio

O Ministério Público do Rio de Janeiro contrariou na madrugada desta quinta-feira (22) informações da delação de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), e pediu a condenação do ex-vereador Cristiano Girão como mandante de um homicídio cometido pelo ex-PM.

Os jurados do 3º Tribunal do Júri ainda vão decidir se condenam Girão e Lessa pelas mortes do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o Zóio, e sua namorada Juliana Sales de Oliveira, ocorridas em 2014.

Em sua delação, o ex-PM confessou o crime, mas isentou o ex-vereador de participação. A Promotoria, por sua vez, afirma que Girão mandou matar Zóio após este tentar tomar o controle da milícia na Gardênia Azul.

Girão negou em seu interrogatório a autoria do crime. Afirmou que estava preso em 2014 cumprindo pena pela condenação por comandar a milícia da mesma região —ele ficou detido de 2009 a 2016.

“Não sei mais o que fazer para que eu não seja visto como esse criminoso contumaz”, disse o ex-vereador.

O acordo de colaboração do ex-PM prevê que qualquer informação falsa identificada nos depoimentos pode levar à cessação dos benefícios acordados. Não houve pedido expresso do Ministério Público sobre este tema até a publicação desta reportagem.

“Por que ele iria correr o risco de proteger o Girão? Não sei. A mente do criminoso não é igual a minha e a dos senhores. […] Qual motivo de ser leal ao Girão? Não sei. […] O que sei é que o que ele falou até agora não tem corroboração. A corroboração não existe. Muito pelo contrário. As provas começam a desdizer o que ele falou”, afirmou o promotor Eduardo Martins.

As falas do promotor referem-se apenas ao caso sobre a morte de Zóio e Juliana. Contudo, o posicionamento vai ao encontro das teses de defesa dos acusados de mandar matar a vereadora.

Os advogados de Domingos Brazão, do ex-deputado Chiquinho Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa, vinham apontando o que consideram mentiras na delação do ex-PM para proteger Girão. O ex-vereador seria o real mandante da morte da vereadora, segundo essa tese de defesa, cuja ação penal está na fase final no STF (Supremo Tribunal Federal).

Girão era um dos suspeitos de mandar matar a vereadora antes da entrada da Polícia Federal no caso, em 2023. O crime, segundo essa linha de investigação, seria uma retaliação pelas investigações da CPI das Milícias, conduzida pelo ex-deputado Marcelo Freixo, de quem Marielle era assessora.

O ex-vereador ficou sete anos preso, a maior parte em presídio federal, após se tornar um dos focos da CPI.

A apuração contra o ex-vereador pela morte de Zóio e Juliana foi conduzida como parte do esforço para tentar esclarecer o crime contra a vereadora. O vínculo entre ele e Lessa seria o reforço dessa linha de investigação, posteriormente abandonada após a delação do ex-PM.

O ex-vereador está preso preventivamente desde 2021 em razão da acusação neste crime. Ele afirmou que a acusação contra ele foi feita para proteger os reais mandantes do crime contra Marielle.

“Isso foi uma cortina de fumaça. Virou uma possibilidade de descarregar tudo em mim”, disse o ex-vereador.

Em sua delação, Lessa afirmou que não conhece Girão. Ele confessou ter cometido o crime após ter se recusado a ceder para Zóio uma participação nos lucros de máquinas de músicas e fliperamas que mantinha em Gardênia Azul.

“Não conheço o Girão. Não teria porque proteger ele”, disse Lessa.

noticia por : UOL

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