sábado, 14, junho , 2025 01:26

Premiê da Espanha promete reestruturar próprio partido após renúncia de aliado devido a escândalo

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, descartou, ao menos de forma temporária, a possibilidade de convocar eleições antecipadas, mas prometeu uma reestruturação interna no Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a abertura de uma investigação externa sobre a legenda após a renúncia de um de seus principais aliados devido a um escândalo de corrupção.

Em pronunciamento televisivo com tom contido, Sánchez pediu desculpas aos espanhóis e afirmou que nunca deveria ter confiado em Santos Cerdán, deputado e número três na hierarquia do partido. Ele prometeu uma “resposta inabalável” a qualquer indício de corrupção dentro da legenda.

“Sempre trabalhei por uma política limpa”, disse ele. “É com enorme indignação e tristeza que vejo que todo um projeto político no qual milhões de pessoas confiam pode ser impactado pela conduta de alguns.”

Apesar da pressão da oposição, Sánchez descartou eleições antes do fim de seu mandato, em 2027. “Isso não é uma crise de governo, afeta apenas o Partido Socialista, não o governo”, afirmou, buscando conter o desgaste político.

Cerdán renunciou após ser convocado por um juiz da Suprema Corte para depor no dia 25 de junho sobre suspeitas de envolvimento em um esquema de corrupção, que ele nega envolvimento. O caso representa o episódio mais grave em uma sequência de escândalos que tem fragilizado o governo de coalizão liderado por Sánchez, e que inclui ainda uma investigação de grande repercussão sobre a esposa do primeiro-ministro, Begoña Gómez, suspeita de usar sua posição para influenciar negócios.

Em nota, Cerdán disse ser inocente e afirmou que deixa o cargo para se dedicar integralmente à sua defesa. “Nunca cometi nenhum crime nem fui cúmplice. Reitero minha inocência e confio que isso ficará claro após o meu depoimento”, afirmou.

O juiz Puente aponta “fortes indícios” de que Cerdán tenha participado da concessão irregular de contratos públicos em troca de propinas, de acordo com documento obtido pela agência Reuters. Segundo o magistrado, esses atos configuram crimes de organização criminosa e suborno, que podem resultar em penas de até oito anos de prisão.

Num relatório entregue à Justiça, a polícia incluiu transcrições de conversas gravadas entre Cerdán e o ex-ministro dos Transportes José Luis Ábalos, nas quais eles teriam discutido supostos pagamentos ilegais. Para os investigadores, Cerdán aparentava ser o responsável por receber os valores.

Questionado, Cerdán disse não se lembrar do diálogo. No Parlamento, durante uma sessão tumultuada na quinta-feira (12), parlamentares da oposição gritaram, repetidas vezes, “renuncie, renuncie” ao deputado. A vice-primeira-ministra Yolanda Díaz, do partido Sumar, aliado do PSOE, também cobrou “explicações e esclarecimentos” sobre o escândalo.

O juiz Puente também convocou para prestar depoimento o ex-ministro Ábalos e seu ex-assistente Koldo García, preso no ano passado sob acusação de intermediar contratos fraudulentos para fornecimento de máscaras durante a pandemia de Covid-19.

Ábalos se recusou a renunciar como deputado após a prisão de García e continua alegando inocência. García, por sua vez, também nega as acusações e afirma ter sido “crucificado vivo”.

Pedro Sánchez chegou ao poder em 2018 justamente após a queda do então primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular, derrubado por um voto de desconfiança após uma das maiores investigações de corrupção da história democrática da Espanha.

noticia por : UOL

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