A alta de preços causada por questões climáticas e sociopolíticas –como as tarifas impostas pelo governo Donald Trump– pode contribuir para eventual retração do consumo de café de qualidade nos Estados Unidos, segundo Yannis Apostolopoulos, presidente da associação americana de cafés especiais (SCA, da sigla em inglês).
O país é o principal destino da produção brasileira. Em 2024, o Brasil embarcou 8,1 milhões de sacas para os EUA. Isso representa 16% das 50,5 milhões de sacas exportadas no ano passado, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
“Há riscos [para o consumo de café nos EUA]. Podemos ver cafés de qualidade mais baixa, que podem afugentar consumidores”, diz Apostolopoulos.
Especificamente sobre as barreiras tarifárias, ele diz que a SCA está apoiando o lobby das associações que tentam isentar o café das tarifas. “A NCA está fazendo um trabalho incrível e espero que possamos ver um ambiente mais razoável no mundo político e socioeconômico”.
Ele se refere à associação que representa a indústria de café dos Estados Unidos (NCA, da sigla em inglês). Como noticiou o Café na Prensa, a entidade solicitou ao governo e aos parlamentares americanos que o café fique isento das tarifas incidentes sobre produtos importados.
Isto porque o país produz apenas 1% de todo o café que consome. Logo, o impacto nos preços finais deve ser grande.
Apostolopoulos esteve no Brasil para divulgar o lançamento de um novo protocolo de avaliação de café especial.
A SCA, que há anos padroniza o sistema internacional de avaliação, mudou o protocolo de degustação, que agora, em vez de analisar apenas o sabor, passa a considerar questões como aspectos socioambientais para definir o valor de um grão.
Antes as bebidas eram classificadas em uma escala de 0 a 100 e levavam em conta a complexidade das notas sensoriais, além de critérios como doçura, acidez e corpo. Agora, a ideia é classificar a bebida conforme perfis, como cafés mais frutados, mais florais, mais achocolatados etc.
Além disso, questões como o impacto ambiental e social por trás da produção também serão consideradas. O novo protocolo foi referendado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais.
A forma como a mudança foi feita sofreu críticas por parte de alguns degustadores profissionais por conta do elevado custo para obter uma nova licença. Isto porque avaliadores que já tinham o Q-Grader (certificado do protocolo anterior) precisarão obter também o novo diploma, chamado de CVA (avaliação de valor do café, da sigla em inglês).
Diante dessas queixas, as associações decidiram reduzir as taxas para os profissionais brasileiros.
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noticia por : UOL