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sábado, janeiro 18, 2025

Posse de Trump ressalta necessidade de defesa dos direitos humanos

Nesta segunda-feira, com a posse de Donald Trump, inicia-se um capítulo da história mundial em que, mais do que nunca, os laços de solidariedade entre os defensores dos direitos humanos no Brasil e nos Estados Unidos precisam ser fortalecidos.

A boa notícia é que ambos os países contam com uma vibrante gama de organizações da sociedade civil que têm se mostrado firmes na defesa dos valores democráticos.

Durante parte do primeiro governo Trump, Jair Bolsonaro era o presidente do Brasil e as duas nações avançaram em plataformas políticas antidemocráticas semelhantes. Entre os principais valores propagados estavam a negação da crise climática e da COVID-19, o nacionalismo cristão, o ataque ao multilateralismo e as agendas antigênero e contrárias aos direitos reprodutivos.

Tal retórica, assim como as políticas e ações decorrentes, teve um impacto devastador sobre as proteções socioambientais e sobre os direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, das pessoas negras, indígenas e das populações empobrecidas.

O estilo agressivo de ambos os populistas autoritários incluía atacar as vozes críticas, as minorias, os profissionais da imprensa, sobretudo mulheres jornalistas. Ambos descredibilizaram sem provas o sistema eleitoral de seus respectivos países e espalharam desinformação. Como resultado, o Capitólio foi invadido em 6 de janeiro de 2021 e as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram atacadas em 8 de janeiro de 2023. A democracia e os direitos humanos foram severamente ameaçados nos dois territórios.

Neste segundo governo Trump o cenário no Brasil é outro. Lula da Silva é presidente e o alinhamento antidemocrático antes existente dá lugar a uma relação marcada por tensionamentos. O anúncio de que Elon Musk, dono do X e que conflagrou embate com o Judiciário brasileiro, fará parte da administração norte-americana se soma ao recente anúncio de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, de encerramento do programa de checagem de fatos e alterações nas regras de moderação.

Isso sem contar que grupos brasileiros de extrema direita mantêm profundas relações com políticos dos EUA como parte da aliança global ultraconservadora que distorce o direito de liberdade de expressão em prol de suposto direito de salvo-conduto para atacar e incitar a violência contra minorias e a própria democracia.

A regulação das plataformas digitais deve estar no centro da agenda diplomática e doméstica do governo Lula se o objetivo é que o Brasil esteja na trincheira da defesa da democracia em âmbito global.

O início do segundo mandato de Trump e sua predileção pela desinformação desenfreada e negação da ciência, da história e dos fatos tem impacto em questões basilares para o presente e futuro da humanidade, como a crise climática. Lutas centrais para a dignidade humana, como combate às desigualdades e ao racismo são severamente prejudicadas em um ambiente informacional nocivo.

O protagonismo internacional do Brasil, seja nas relações bilaterais ou na COP 30 em Belém e em foros como a ONU e a CIDH, precisará ser ainda mais contundente. Novamente, as políticas e medidas adotadas no Brasil precisam ser condizentes com os direitos humanos para que o país possa fazer frente à ofensiva anunciada por Trump contra pessoas trans, contra os direitos reprodutivos e a promessa de deportações em massa que podem atingir inclusive nacionais brasileiros que vivem nos EUA.

A sociedade norte-americana enfrentará desafios significativos à medida que o governo Trump iniciar sua agenda de reversão de direitos e liberdades civis e uma política externa influenciada em grande medida pelo nacionalismo cristão e com efeitos contagiantes de desprezo aos valores democráticos.

Experiências de resistência por parte de comunidades, movimentos sociais e organizações em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, são inúmeras e podem e devem contribuir. O cenário que se abre a partir de 20 de janeiro é extremamente desafiador, com impactos profundos nos EUA e na agenda de direitos humanos global.

noticia por : UOL

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