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domingo, dezembro 29, 2024

Por que um cessar-fogo ainda não aconteceu em Gaza?


O tão esperado cessar-fogo para interromper o conflito em Gaza parece estar levando mais tempo do que se imaginava, mas ainda há otimismo quanto a um possível acordo. Mais de 45 mil palestinos foram mortos durante a guerra de 14 meses entre Israel e o Hamas, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
Getty Images/BBC
Apesar do otimismo, os esforços para estabelecer um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza foram adiados enquanto as duas partes pressionam por suas posições.
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Declarações recentes de autoridades israelenses e do Hamas, bem como observações feitas por mediadores, indicaram que um acordo não está longe e que o mundo logo verá a assinatura de um acordo final, mas as negociações não estão progredindo.
Relatos da Rádio Israelense sugerem que novas condições buscadas por Israel podem atrasar um acordo com o Hamas, e que o Hamas também está trazendo contra-demandas à mesa.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que houve um progresso cauteloso, mas enfatizou que não poderia saber quanto tempo levará para um acordo se materializar.
Os EUA, Egito, Catar e, mais recentemente, a Turquia estão conduzindo os esforços de mediação entre Israel e o Hamas para interromper a guerra de 14 meses na Faixa de Gaza, que matou cerca de 45 mil pessoas.
Novas condições e complicações
De acordo com a Rádio Israelense, o gabinete de Netanyahu agora quer que o Hamas forneça uma lista completa dos reféns israelenses que ainda estão em cativeiro.
Os mediadores dizem que esse estágio foi alcançado após um relativo progresso nas negociações, quando Israel se mostrava pronto para fornecer listas de detidos palestinos que serão libertados na primeira fase do acordo.
No entanto, alguns observadores dizem que a última condição israelense colocou um obstáculo no caminho de um acordo, e que o Hamas ainda não forneceu uma lista detalhada conforme solicitado.
Alguns relatórios indicam que essa nova condição provavelmente estenderá as negociações.
Apesar dos comentários israelenses sobre o progresso das negociações, relatos da mídia mostram que os mediadores dos EUA deixaram a capital do Catar, Doha, onde as negociações estavam ocorrendo.
Isso pode refletir uma sensação de estagnação em algumas questões.
Algumas fontes dos EUA dizem que uma das questões mais críticas é o acordo sobre o número de reféns israelenses que serão libertados na primeira fase e a identidade dos detidos palestinos que serão libertados.
Além disso, a questão mais complicada sobre quem governará Gaza após um acordo ainda não foi abordada.
Isso inclui um entendimento sobre a retirada de Israel da área, permitindo o retorno dos deslocados e a administração das travessias de fronteira.
Positivo, mas tenso
Apesar desses desafios, algumas fontes israelenses disseram que há indícios de que um acordo preliminar pode ser alcançado em poucos dias.
De acordo com uma TV israelense, foi elaborada uma lista de reféns palestinos que devem ser libertados no primeiro estágio do acordo de troca de reféns. “Isso significa cautela e otimismo”, disse a TV.
No entanto, de acordo com alguns relatórios e fontes da oposição israelense, as novas condições de Netanyahu podem ter como objetivo “atrasar o processo de chegar a um acordo de cessar-fogo”.
Para complicar ainda mais as coisas, o Hamas respondeu às novas condições de Israel com seus próprios pedidos adicionais, pedindo uma retirada total da Faixa de Gaza e o fim da guerra em troca da libertação de todos os reféns de uma só vez.
Desafios de Israel
Os partidos políticos israelenses estão polarizados sobre como lidar com essas negociações.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, acusou Netanyahu de vazar informações para a mídia estrangeira durante as negociações em andamento, visando obstruir os esforços de mediação.
As críticas refletem a pressão que Netanyahu está enfrentando tanto da oposição quanto das famílias dos reféns, por um lado, e da oposição linha-dura dentro de seu próprio governo – particularmente de ministros como Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich – que se opõem ao acordo com o Hamas.
Nesse contexto, o ministro da Diáspora Israelense, Amichai Chikli, revelou os detalhes do acordo proposto, cuja primeira fase inclui um período de trégua de 42 dias.
Essa pausa temporária nas operações militares visa fornecer tempo suficiente para concluir as outras etapas do acordo e garantir a implementação de obrigações mútuas entre as partes.
O papel do Egito e do Catar
Em uma tentativa de retomar as negociações, uma delegação egípcia chegou a Doha para continuar a mediação entre as partes.
Algumas fontes confirmaram que as negociações podem estar em seus estágios finais, com a possibilidade de um acordo em poucos dias.
À medida que o novo ano se aproxima, o tempo parece estar pressionando as partes para a um acordo que acalme a escalada de violência e abra caminho para uma solução definitiva.
Entre o progresso cauteloso e obstáculos complexos, as negociações entre Israel e o Hamas sobre uma troca de prisioneiros e reféns permanecem tensas.
Enquanto o mundo aguarda o anúncio de um acordo que ajudará a acabar com o conflito, questões políticas e de segurança internas entre as partes envolvidas parecem ser os maiores desafios.
Montanha-russa
Yossi Kuperwasser, um especialista israelense em inteligência e segurança, disse à BBC que é difícil prever o resultado exato das negociações.
Kuperwasser, que serviu anteriormente no Ministério da Defesa israelense, disse: “Não há garantias de que algo acontecerá em breve. No entanto, há uma chance, mas requer mais concessões de ambas as partes”.
O ex-general israelense acredita que tanto Israel quanto o Hamas têm todos os incentivos para chegar a um acordo, argumentando que o Hamas foi enfraquecido após um declínio no apoio do Irã e seus aliados na região.
No entanto, Kuperwasser acrescentou que isso não significa que o caminho para um acordo será fácil: “As negociações são muito complexas e exigem concessões significativas de ambos os lados. Mas as circunstâncias atuais podem fornecer uma oportunidade, embora limitada, para alcançar progresso”.
Ele descreveu as negociações como uma “montanha-russa”, dizendo: “Um dia, parece que há progresso, e no dia seguinte um novo obstáculo aparece”.
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Fonte: G1

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