Congressistas do mesmo partido do presidente demonstraram resistência à ideia de tomar a Faixa de Gaza para os Estados Unidos. Plano para envio de tropas também foi criticado. Ao lado de Netanyahu, Trump diz que os EUA vão ‘assumir’ a Faixa de Gaza
A proposta do presidente Donald Trump para que os Estados Unidos assumam o controle da Faixa de Gaza, gerou confusão e ceticismo entre alguns dentro do Partido Republicano nesta quarta-feira (5). Outros parlamentares apoiaram a ideia, chamando o plano de “ousado e decisivo”.
Em um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira (4), Trump sugeriu que os EUA “assumissem o controle de Gaza” e criassem uma “Riviera do Oriente Médio” após enviar os palestinos para outro lugar.
A ideia gerou condenação internacional e divisão entre os republicanos no Congresso, que em grande parte têm apoiado as iniciativas de Trump até agora.
Parlamentares céticos afirmaram que ainda defendem a solução de dois Estados para Israel e os palestinos, que há muito tempo é a base da diplomacia dos EUA.
Alguns também rejeitaram a ideia de gastar dinheiro dos contribuintes americanos ou enviar tropas dos EUA para uma região devastada por mais de um ano de guerra.
“Eu pensei que tínhamos votado pela ‘América em primeiro lugar'”, disse o senador republicano Rand Paul em uma rede social. Ele fez uma analogia a um dos motes da campanha presidencial de Trump.
“Não temos nenhuma razão para considerar mais uma ocupação que irá desperdiçar nossos recursos e derramar o sangue de nossos soldados.”
O senador republicano Jerry Moran afirmou que a ideia de uma solução de dois Estados não pode ser simplesmente descartada. “Não é algo que pode ser decidido unilateralmente”, disse ele a repórteres.
A senadora Lisa Murkowski disse que não especularia sobre qualquer possível proposta de envio de forças americanas para uma região “que já viu turbulência demais”.
“Eu nem quero especular sobre essa questão, porque acho que isso é bastante assustador”, afirmou.
Nesta terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA não vão enviar tropas nem pagar pela reconstrução de Gaza. Ela também disse que a ideia de retirar os palestinos do território é temporária, ao contrário do que declarou Trump.
‘Vamos apoiar o presidente’
Donald Trump e Benjamin Netanyahu
REUTERS/Leah Millis
O presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, elogiou o plano como uma “ação ousada e decisiva para tentar garantir a paz na região”.
Johnson disse que discutiria o assunto com Netanyahu quando se reunisse com ele no Capitólio dos EUA nesta quinta-feira.
“Acho que as pessoas entendem a necessidade disso, e vamos apoiar Israel enquanto trabalham para esse objetivo. E vamos apoiar o presidente em sua iniciativa”, disse Johnson em uma entrevista coletiva.
Trump fez campanha com a promessa de evitar novos conflitos no exterior e “guerras eternas”. No entanto, pesquisas da Reuters/Ipsos mostram que há pouco apoio para sua nova agenda expansionista, mesmo entre os eleitores republicanos.
Um levantamento realizado entre 20 e 21 de janeiro, logo após a posse de Trump, revelou que apenas 15% dos republicanos apoiavam a ideia de os EUA usarem força militar para obter novos territórios.
O deputado Tim Burchett, membro do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, disse que apoia a sugestão de Trump de que os EUA desenvolvam propriedades valiosas à beira-mar em Gaza.
“Acho que os americanos e o capitalismo têm uma oportunidade real de causar uma mudança significativa no mundo, e esse seria um exemplo perfeito disso”, disse ele à Reuters.
O líder da maioria no Senado, Jon Thune, disse que apoia “trazer paz, estabilidade e segurança para a região”, mas que todas as ideias precisam ser analisadas minuciosamente.
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Fonte: G1