29 C
Cuiabá
terça-feira, fevereiro 4, 2025

Navio de guerra dos EUA faz teste inédito com arma a laser; veja foto

A Marinha dos Estados Unidos testou pela primeira vez contra um alvo aéreo em movimento sua nova arma a laser, a Helios. O disparo foi feito no ano passado por um destróier da classe Arleigh Burke, o USS Preble, que já vinha realizando ensaios com o sistema desde 2022.

O teste sugere que, apesar de inúmeros fracassos ao longo dos anos, as Forças Armadas mais poderosas do mundo ainda não desistiram de tentar fazer funcionar armas de alta energia direcionada. O mundo dos “raios da morte” ou disparos coloridos de “Star Wars“, contudo, ainda está na ficção.

A imagem do ensaio, de todo modo, impressiona. Ela foi capturada por câmeras infravermelhas, já que os lasers são invisíveis se o tempo estiver claro —como num show, eles só podem ser vistos se houver algo em suspensão no ar, como fumaça ou gelo seco.

É um disparo poderoso que, segundo o relatório anual da diretoria de testes da Marinha, divulgado na sexta (31), atingiu com sucesso um drone se fazendo passar por míssil de cruzeiro. Nenhum detalhe de local ou data foi revelado, nem os parâmetros operacionais.

O Helios, acrônimo inglês para Laser de Alta Energia com Ofuscador Óptico e de Vigilância Integrado, começou a ser desenvolvido em 2018 pela empresa Lockheed Martin, gigante americana que é uma das líderes no campo de armas a laser.

Mas a Marinha testa esses armamentos, em diversas versões, há pelo menos uma década —o primeiro relato de um teste rudimentar bem-sucedido é de 2021. Hoje, ela tem duas famílias de laser, uma integrada pelo Helios, que equipa o USS Preble, e outra pelo Odin, um sistema menos potente que ofusca sensores de mísseis e drones, que está em oito destróieres.

A outra classe é ainda mais experimental, estando em apenas um navio. Ela emprega sistemas de 300 kW, enquanto o Helios, ainda que nominalmente possa chegar a tal potência, opera regularmente a 60 kW —o mesmo que um laser de corte de chapas de aço industrial.

O Helios trabalha associado ao sistema de defesa antimíssil Aegis, embarcado nos destróieres Arleigh Burke. Nesse caso, ele serve como designador de alvos. Seu alcance não é divulgado, mas como arma de destruição não consegue ir além dos 8 km, o que é pouco do ponto de vista naval.

O avanço do teste foi atingir um drone em movimento subsônico. Até aqui, a arma vinha sendo usada contra alvos estáticos no mar, o que facilita seu desempenho.

Há uma miríade de outras armas que nem ganharam rubricas orçamentárias próprias. Os EUA gastam cerca de US$ 1 bilhão (quase R$ 6 bilhões) por ano em desenvolvimento desse tipo de armamento, mas os projetos morrem como moscas.

A Força Aérea, por exemplo, já abandonou os planos de teste de um “pod” com laser para os caças F-15 e F-16, além de um modelo de alta energia para o Hércules Spectre, uma versão especializada do avião de transporte que carrega um canhão naval para atingir alvos no solo. No Exército, modelos de baixa potência têm sido utilizados em testes, armando blindados leves.

Há diversas dificuldades para operar um laser, por tentador que seja imaginar raios abatendo mísseis e aviões. Primeiro, os feixes de luz concentrada são afetados por condições atmosféricas, o que prejudica sua acurácia.

Além disso, eles precisam atingir o mesmo ponto com energia suficiente para gerar dano por um período considerável de tempo, do ponto de vista militar. Um drone pode, ao ser “iluminado” pelo laser, desviar antes que a luz faça algum estrago.

Até por isso, aplicações navais, contra alvos que se movem devagar, sempre pareceram mais promissoras. O teste do Helios prova que os EUA não desistiram de ir além, e a motivação é dupla: a proliferação dos drones como armas a partir da Guerra da Ucrânia e os altos custos de interceptação no mar durante o embate provocado pelos houthis.

A Marinha americana já admitiu ter gasto mais de US$ 1 bilhão só com munições nas ações para derrubar mísseis e drones desses rebeldes iemenitas, que causaram grande confusão no mar Vermelho ao apoiar a guerra dos terroristas do Hamas contra Israel. Lasers tornariam isso bem mais barato.

A tecnologia não é exclusividade americana, claro: chineses, russo, britânicos e sul-coreanos testam versões diversas em todos os seus ramos de Forças Armadas. Moscou disse ter empregado uma versão antidrone na Ucrânia, mas se o fez isso não foi muito bem-sucedido até aqui: canhões eletromagnéticos para desorientar ou mesmo apanhar os robôs são universais hoje.

noticia por : UOL

PUBLICIDADE

NOTÍCIAS

Leia mais notícias