Com 4.179 votos, Diego Guimarães (Cidadania) foi o vereador mais votado para a Câmara de Cuiabá na eleição municipal do dia 15 de novembro. Reeleito para mais 4 anos de mandato, desta vez ele disputa a presidência do Legislativo em 2021.
O GD conversou com o parlamentar sobre a sua preparação, caso seja eleito pelos colegas para assumir um lugar na Mesa Diretora, além dos projetos para o novo mandato e sua participação na eleição majoritária para prefeito, no qual seu colega de parlamento Abílio Júnior (Pode) foi um dos concorrentes e chegou ao 2º turno com 129. 777 votos dos cuiabanos.
Na eleição o senhor já havia sinalizado que gostaria de concorrer a presidência da Mesa Diretora, agora o seu nome já foi colocado à disposição, como está a articulação?
Após o 2º turno e finalizado o processo eleitoral, me coloquei como opção por entender que estou preparado e que tenho as habilidades necessárias para reconduzir a câmara, por entender que tenho esse preparo não só político, mas também técnico para poder administrar aquela casa trazendo boas ideias, mais transparência e trazer um resgate da imagem da instituição. Eu coloquei meu nome a disposição para os colegas e estou conversando, construindo propostas, articulando na base das ideias, na mudança de postura.
Como presidente, o senhor manteria a postura de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (DEM)?
Aí não seria o Diego Guimarães opositor ao Emanuel na presidência da Câmara, jamais usaria deste cargo para fazer oposição, seria muito ruim para a cidade. Me coloco como candidato por entender que posso bem gerir a casa, sou candidato porque entendo que estou preparado.
A experiência desses 4 anos do primeiro mandato te fazem mais preparado?
Eu entendo que a experiência adquirida nesses 4 anos me fez conhecer não só a parte política da Câmara, mas a questão administrativa também. A Câmara tem muitos problemas para serem enfrentados em relação à sua comunicação, trazer mais transparência, maior diálogo com os órgãos de controle, para poder demonstrar que não é um órgão que não tem efetividade, ineficiente. A Casa precisa se abrir mais para o cidadão, trazer a sociedade.
Entendo que essa experiência adquirida soma com a capacidade técnica que tenho como advogado e a habilidade com os colegas para unir forças e montar uma Mesa Diretora plural, que traga não só opositores, mas aqueles vereadores que entendam ser base ou independentes.
Como será sua posição neste mandato? Manterá uma postura dura em relação ao prefeito?
Nunca fiz uma oposição cega e nem meus colegas. Sempre fomos muito pontuais e com fundamento. Quando nos opusemos, fizemos com fundamento, com base em fatos reais, dados, fundamentação jurídica.
Os projetos mais polêmicos eu votei favorável, como por exemplo a Secretaria dos 300 anos. Na época entendi que o prefeito estava colocando uma boa ideia, no final eu vi que era uma lorota, conversa para boi dormir e que efetivamente ele não fez nada, e daí fui eu também que votei pela extinção. Minha oposição sempre foi sadia, sensata, de poder peneirar aquilo que é bom e o que for ruim fica.
Com a saída de grandes aliados da Câmara de Cuiabá, com quem Diego se juntará nesse próximo mandato?
Sai Abílio entra Paccola (Cidadania), sai Wellaton entra Rodrigo Arruda (Cidadania), sai Bussiki vem a Michelly (DEM). Nós temos ainda o Sargento Vidal (Pros), o Dilemário (pode) que ficou, o Lilo (PDT). Quero deixar claro que nós vamos continuar fazendo uma postura de independência, então possivelmente continuaremos com muito diálogo e trabalhar unidos na Câmara.
Como será sua atuação como vereador dentro do Legislativo?
Pretendo carregar as mesmas bandeiras do primeiro mandato e ampliar algumas delas. Nosso mandato quando alguém me pergunta como eu alcancei essa votação, eu falo que foram todas essas pautas que tratamos. Nós apenas não só tangenciamos elas, nós entramos de maneira profunda e demos resultados em muitas.
Não existe uma pauta que eu tenha abandoando, cito a da dislexia, do autismo, da discalculia, dos advogados, estivemos ao lado do comerciantes, das escolas particulares, dos bairros principalmente da região sul, sou defensor da educação porque eu sou o que sou por causa da educação.
É difícil eleger uma frente apenas, temos bons projetos de leis que foram apresentados no primeiro mandado e não foram aprovados, mas serão reapresentados neste. Alguns anteprojetos como Cuiabá Solar e o IPTU Verde que eu gostaria que o Executivo se sensibilizasse e colocasse em pauta projetos dessa envergadura.
Qual é a importância da verba indenizatória (VI)? Abriria mão dela?
A verba indenizatória é necessária para a boa condução do mandato. Eu sempre utilizei dela, mas nunca de veículo oficial, combustível oficial e de celular dado pela Câmara – que cada vereador teria direito a 3-, justamente porque a VI custeia isso e os demais custos do mandato, como site, aplicativo, confecção de material de divulgação, audiências públicas, estudos para entrar com parecer no Tribunal de Contas, parecer contábil. Entendo eu, que se bem utilizada para o mandato, é bem-vinda, o que não se pode é desviar o foco. Na minha visão é necessária se bem utilizada.
Em relação a candidatura a prefeito do vereador Abílio Júnior, o que ele poder ter feito de errado que não o levou a vitória?
Eu acho que nada, a votação dele cresceu do 1º pro 2º turno, aconteceu dele perder a eleição. Não consigo identificar algo para falar se o Abílio teve um erro na campanha, ele sai de um vereador com 2 mil votos e vem como candidato a prefeito com quase 130 mil votos. Então acho que ele foi muito bem, sai como vitorioso das urnas, só não alcançou o êxito de vencer a eleição, mas numa análise política acho que deu muito certo.
Trabalharam [Abílio e Felipe Wellaton] contra uma máquina como a Prefeitura de Cuiabá, contra a maioria dos vereadores da Câmara Municipal, dos partidos e mais de 300 candidatos a vereador quando nós tínhamos pouco mais 100. São campanhas distintas no formato, no apoio, mas extremamente favorável.
A renovação na Câmara Municipal foi uma resposta da população cuiabana nas urnas?
O recado que a população deu nessa eleição é aquilo que a gente já vinha escutando. As ruas falam, as ruas dão recado, as pessoas não votam sem que o político saiba qual é a percepção que a população esta tendo do mandato. A população já vinha reclamando da postura da Câmara Municipal, de uma câmara subserviente, que não tinha identidade, não tinha independência, um lugar de verdadeiros ‘paus mandados’. Eram vereadores que não tinham sua personalidade própria, eram defensores do prefeito travestidos de parlamentares.
Os dois presidentes da Câmara não voltaram, as urnas falaram que não querem isso e colocaram novatos, agora, o recado fica dado para os que chegaram e os que continuam, não vacilem, não deixem de ouvir o que as ruas estão falando.