Um conselho aos leitores desta Folha que se interessam por evolução humana e vão estar em Curitiba neste mês: vale muito a pena a visita à exposição “Os Instrumentos do Nosso Passado: O Brasil na Jordânia”.
A mostra terá sua abertura nesta segunda-feira, dia 2 de junho, às 9h, no prédio administrativo da reitoria da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Estarão presentes o reitor da instituição, Marcos Sfair Sunye, e os professores Fabio Parenti e Luiz Augusto Koenig Veiga, do Centro de Estudos e Pesquisas Antropológicas da instituição.
A exposição documenta um passo importante para o alcance global da arqueologia feita por brasileiros. Faz vários anos, os pesquisadores da UFPR, ao lado de colegas como o veterano bioantropólogo Walter Neves e o arqueólogo Astolfo Araújo, da USP, o geólogo Giancarlo Scardia, da Unesp, e o pedólogo Francisco Ladeira, da Unicamp, têm conduzido escavações no vale do rio Zarqa, em território jordaniano.
O trabalho revelou artefatos de pedra lascada produzidos por hominínios (membros do grupo que inclui os ancestrais e parentes mais próximos da nossa espécie e o próprio Homo sapiens). Com idades entre 2,5 milhões de anos e 1,9 milhão de anos, os artefatos líticos podem ser os mais antigos exemplos da presença da nossa linhagem fora de seu berço, o continente africano.
Se a análise proposta por eles estiver correta, trata-se de um avanço muito importante, já que, até agora, acreditava-se que essa primeira saída da África teria ocorrido consideravelmente depois, por volta de 1,8 milhão de anos antes do presente.
Segundo essa hipótese vigente, os primeiros viajantes pertenceriam à espécie Homo erectus. Os instrumentos de pedra da Jordânia, porém, sugerem que algum hominínio mais antigo e de porte físico mais modesto, como o Homo habilis, poderia ter feito a jornada antes. A ideia ajudaria a explicar porque alguns fósseis, de países como a Geórgia e a Indonésia, apresentam tamanho corporal e cerebral menor que o do H. erectus “padrão”.
O visitante, assim, poderá ver em primeira mão os artefatos que estão no centro desse debate científico, como o da imagem acima. A mostra fica aberta todos os dias úteis, das 8h às 17h, até o dia 27 de junho. O endereço da reitoria é r. 15 de Novembro, 1299, Centro, Curitiba (PR).
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noticia por : UOL