Não é de hoje, já faz alguns anos que é assim.
Mas é válido ressaltar: o sorteio da Libertadores para definir o chaveamento, e até mesmo os confrontos, para os mata-matas das oitavas de final em diante é estapafúrdio e beira a aberração.
A fórmula é feita de tal modo que os dois melhores da fase de grupos têm chance, a depender da sorte (ou, no caso, do azar), de se enfrentar antes da final, que neste ano será em Lima, a capital do Peru, no dia 29 de novembro.
Dizem que quem quer ser campeão não escolhe adversário, mas isso é uma meia-verdade. É vantajoso e preferível encarar os menos fortes (que se mostraram assim pelo que fizeram no torneio) antes e deixar os mais capacitados para depois.
A lógica indica que os melhores devem ser emparelhados com os piores nos playoffs. Isso acontece, por exemplo, em torneios de basquete e de vôlei.
A mesma lógica aponta que, ao se estabelecer um chaveamento, o primeiro colocado (seja de um ranking ou de uma fase classificatória) esteja no extremo de um lado da chave, e o segundo, no extremo do outro. Os dois considerados melhores só se defrontam na decisão.
Veja o tênis. Em Roland Garros, que se encerra neste domingo (8), o número 1 do mundo, o italiano Jannik Sinner, e o número 2, o espanhol Carlos Alcaraz, caso ganhassem seis jogos cada um (o que aconteceu), no sétimo decidiriam o título. Duelar antes, impossível.
Nesse modelo, cria-se uma expectativa para que os considerados melhores –na fotografia daquele momento– promovam um “grand finale” para a competição.
No futebol, esportivamente falando, o mais correto e justo é, em um primeiro momento, premiar quem fez por merecer, ou seja, os clubes de melhor desempenho na fase de grupos.
Na Libertadores deste ano, pela ordem, do primeiro ao oitavo lugar ficaram: Palmeiras, São Paulo, os argentinos Racing, River Plate, Estudiantes e Vélez, Internacional e o equatoriano LDU.
Também se classificaram, com a segunda vaga de cada um dos oito grupos, indo do 9º ao 16º lugar: Botafogo, Peñarol-URU, Flamengo, Atlético Nacional-COL, Libertad-PAR, Fortaleza, Universitario-PER e Cerro Porteño-PAR.
Não seria necessário, aliás, nem realizar um sorteio para definir os confrontos das oitavas de final, se houvesse coerência: 1º x 16º, 2º x 15º, 3º x 14º e assim sucessivamente até 8º x 9º.
Mas a Conmebol, a confederação sul-americana de futebol, quer ser diferente. É necessário haver um evento (os patrocinadores precisam de exposição) para o sorteio, e lá estão o pote 1 (os oito primeiros colocados) e o pote 2 (os oito segundos colocados). Bolinhas.
Desse modo, havia chance de um Palmeiras x Botafogo, deixando o time paulista diante de um rival, o carioca (atual campeão da competição), que fez 12 pontos (mais que Vélez, Inter e LDU), e não diante de um oponente que somou somente 7 pontos (Cerro Porteño).
Não aconteceu, mas poderia, o que se mostraria injustificável, assim como é insustentável não direcionar o sorteio para que o primeiro e o quarto colocados da fase de grupos fiquem de um lado da chave, e o segundo e o terceiro, do outro.
Conclusão: o Palmeiras, se passar pelo Universitario, pode pegar o River Plate (quarto) já nas quartas de final, e não em uma semifinal.
O modelo é tão esdrúxulo que só falta futuramente a Conmebol, para coroar os disparates, decidir sortear os mandos de campo, tirando dos melhores a vantagem, legítima, de decidir em casa. Não duvido.
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noticia por : UOL