“Aristóteles não é simplesmente o filósofo mais importante, mas o ser humano mais importante que já viveu” – escreve Dalia Ventura, jornalista, na Folha. É por isso que hoje estamos no ano 2.409 depois de Aristóteles.
“Chamá-lo de ‘príncipe’, bate pra muitas mulheres e pra muitos homens que estão atentos à violência de gênero, num lugar estranho” – Milly Lacombe, colunista do UOL, criticando apelido dado a Neymar em sua volta ao Santos. Deve ser a sílaba tônica fazendo eco na cabeça.
“O branco que tem consciência histórica não pode jamais ter orgulho dessa cor” – Guga Noblat, jornalista, sobre vídeo de influenciadora catarinense que ensinava como se fazer um “bebê alemão”. É verdade, só o risco de ser parente distante do Guga Noblat já elimina qualquer possibilidade de sentir orgulho.
“A peça com os pinos é o ‘macho’ e a peça com os buracos é a ‘fêmea’. Um exemplo de aplicação da linguagem heteronormativa a temas que nada têm a ver com gênero” – Museu da Ciência de Londres, denunciando o brinquedo Lego como sendo “anti-LGBT”.
“Essa barbárie ocorrida em Recife serve para ilustrar bem que estamos certos na luta contra a favela enquanto ideia” – Renan Santos, coordenador do MBL. É a eterna luta da favela enquanto ideia contra a política enquanto piada.
“Paz no futebol” – mensagem em camisa de Homem Preso por envolvimento em briga de torcidas no Recife. Às vezes ele nem era violento, só gostava de ser do contra.
STF Fashion Week
“Com o novo departamento ‘STF Fashion’, nós lançamos uma gravata do STF” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Uma ótima pedida para quem quiser se fantasiar de palhaço no carnaval.
“Pessoa privada de liberdade” – novo termo para se referir a presidiários no plano Pena Justa, iniciativa do STF. Pensando bem, “pessoas privadas de liberdade” já somos nós aqui fora. Isso vai causar confusão.
“A vida na prisão deve, tanto quanto possível, assemelhar-se à vida fora da prisão” – introdução do plano Pena Justa. A julgar pelas imagens de Recife, já estamos quase lá – só faltam as 3 refeições diárias grátis para todo mundo.
“Lula tem feito um excelente governo, trouxe o Brasil de volta à normalidade” – Gilmar Mendes, ministro do STF. Qual normalidade? A do Mensalão ou a do Petrolão?
“Democracias precisam de agentes públicos não eleitos” – Luís Roberto Barroso. A julgar por essa fala, ninguém bate a Coreia do Norte no quesito democracia.
“O Judiciário no Brasil passou a ter um nível de importância, de protagonismo e de visibilidade pelo qual contraria muitos interesses” – Luís Roberto Barroso. Principalmente os do povo.
“Magistratura brasileira bate recordes de produtividade, mas enfrenta exaustão e doenças devido à alta carga de trabalho” – Frederico Mendes Junior, juiz e diretor-presidente da Associação Brasileira de Magistrados. Apesar das más línguas, cleptomania, delírios de grandeza e complexo de Napoleão não estavam, de maneira alguma, entre as citadas pelo juiz.
Giro pelo Mundo
“Precisamos banir todas as facas” – Idris Elba, ator britânico, propondo solução para o aumento de crimes com armas brancas em Londres. Melhor banir logo todos os utensílios de metal e voltar para a Idade da Pedra, quando ninguém morria esfaqueado, apenas apedrejado.
“Enquanto os EUA deportam, Brasil recebe refugiados americanos” – Lauro Jardim, jornalista, sobre a chegada de venezuelanos e cubanos deportados dos EUA ao Brasil. O que, por inúmeras razões, acaba sendo ainda mais cruel.
“Trump afirma que existem apenas ‘dois gêneros’. Historiadores dizem que isso nunca foi verdade” – CBC, a TV estatal canadense. Da próxima vez, melhor consultar os biólogos.
“Estou aqui oferecendo a minha capacidade de luta e resistência para essa causa [da Palestina]” – Paulo Pimenta, ex-ministro das Comunicações. Se Maomé não vai ao Montanha, o Montanha vai ao Maomé.
“US$ 70 mil para a produção de um musical sobre diversidade na Irlanda, US$ 47 mil para uma ópera transgênero na Colômbia e US$ 32 mil para um quadrinho transgênero no Peru” – Karoline Leavitt, porta-voz de Donald Trump, citando despesas absurdas da USAID, suposta agência de “ajuda humanitária” americana. A USAID jamais chegará aos pés da Lei Rouanet. Não patrocinaram nem performance ‘Macaquinhos’, nem turnê mundial de ex-ministro da Cultura.
“A cocaína só é ilegal porque é produzida na América Latina. Não é pior que o uísque” – Gustavo Petro, ex-guerrilheiro e presidente da Colômbia. O problema é que, se exagerar, você acaba declarando guerra comercial contra os EUA e depois tem que voltar atrás no dia seguinte com o rabinho entre as pernas.
“É preciso estabelecer limites para Donald Trump, enquanto é tempo” – adverte Míriam Leitão, jornalista. Cadê o STF, que não faz nada?
“Você tem uma voz linda e um sotaque lindo. O único problema é que não consigo entender uma palavra do que você está dizendo” – Donald Trump, respondendo à jornalista afegã. Já é uma vantagem em comparação ao sotaque misto de Leblon com Vila Madalena que deciframos a contragosto por aqui.
“Líderes como Trump usam o ‘bom senso’ como arma ideológica” – Dannagal Young, professora da Universidade de Delaware. Um verdadeiro atentado ao nosso direito democrático de viver em um manicômio a céu aberto.
Desgoverno Federal
“Nós não podemos ir para a eleição de 2026 sem lei nessa área. Sem lei, estamos ferrados” – José Guimarães, líder do governo Lula na Câmara (PT-CE), defendendo a regulação de mídias sociais. Seria como ir buscar seus dólares sem ter uma cueca adequada para guardá-los. Loucura total.
“Haddad é o ministro mais forte do governo Lula”
Randolfe Rodrigues, senador (PT-AP). E o Randolfe é a voz mais imponente do governo no Senado Federal.
“Não é rombo, é o resultado fiscal das empresas, que pensa só as receitas do ano e as despesas do ano; das 11 empresas que têm déficit, nove têm lucro” – Esther Dweck, ministra da Gestão, negando o rombo nas estatais. A lógica da Dilma Rousseff, com a matemática de Márcio Pochmann.
“O sistema de ‘Notas da Comunidade’ no X está sendo utilizado para disputa política” – Gleisi Hoffmann, deputada federal (PT-PR), após ter uma publicação corrigida pelo sistema. Deve ter algo errado mesmo com as Notas da Comunidade, não consigo sequer imaginar a Gleisi contando mentiras.
“O Brasil é dos brasileiros” – mensagem em boné criado por Sidônio Palmeira, marqueteiro do PT e ministro das Comunicações. Exceto as áreas que se são terra de ninguém, as dominadas pelo tráfico e milícias ou as cedidas às ONGs internacionais.
“Em grave crise, Correios deixam de entregar correspondências” – Robson Bonin, colunista da revista VEJA. Em resposta, o governo estaria avaliando dobrar a verba publicitária para anunciar que os Correios já não entregam mais cartas.
“O parafuso está apertado, e a máquina voltou a funcionar!” – Geraldo Alckmin, comemorando suposta recuperação da indústria nacional, em artigo no Estadão. Imagino que o parafuso seja o povo. Melhor nem especular o que seria a máquina.
A Casa do Povo Caiu
“Nenhum senador tem direito de atrapalhar a agenda do governo” – Davi Alcolumbre, presidente do Senado (União-AP). Corajosa declaração de Alcolumbre, desafiando a autoridade do STF em decretar os direitos dos senadores.
“O Poder Legislativo não pode se furtar em ajudar o governo do Brasil” – Davi Alcolumbre, presidente do Senado Além de não “se” furtar, lembre-se de não “nos” furtar também.
“Com muito orgulho, passo o bastão” – Érika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PSOL-SP), passando a liderança da bancada para a colega Talíria Petrone (PSOL-RJ). Opa, isso não é quebra de decoro?
“Nós vamos ter um alinhamento com as posições do Supremo” – Lindbergh Farias, deputado federal (PT-RJ) e líder do Governo na Câmara. Uma espécie de parlamentarismo de cartelização.
“Se Jair Bolsonaro fosse presidente do Brasil sairia também” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), sobre decisão de Javier Milei de retirar a Argentina da OMS, seguindo Donald Trump. Parece que o Bolsonaro leva uma vida dupla e nunca contou para a família onde esteve entre 2019 e 2022.
A Semana do Presidente
“O povo tem razão. A gente não está entregando aquilo que a gente prometeu” – Lula, sobre sua impopularidade recorde. Não posso reclamar, ele está entregando tudo o que eu esperava.
“É a música do carnaval! Seis e meia da manhã, já estamos nesse agito!” – Janja Lula da Silva, saindo da geladeira em vídeo postado nas redes sociais. É admirável uma veterana com essa disposição toda para encarar o turno da manhã na casa de repouso.
“Com Lula enfraquecido, há quem aposte em Haddad para 2026” – Neuza Sanches, colunista da revista VEJA. Sim, a oposição.
“O maior cabo eleitoral de Jair Bolsonaro se chama Fernando Haddad” – perfil do Partido da Causa Operária (PCO) no X. É misoginia pura não dar o devido reconhecimento à Janja.
“Construir leva décadas, destruir basta um aloprado ganhar eleição” – Lula. Um raro momento de autocrítica ou ele estava apenas se gabando?
“Inflação está razoavelmente controlada” – Lula. É como o piloto dizer que o avião está razoavelmente voando.
“Vai ficar gordão” – Lula, sobre os riscos de alunos comerem alimentos processados na merenda. Ao ouvir isso, Alckmin já teria se empolgado: “Alguém falou em merenda!?”
“Se você vai num mercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra” – Lula, atribuindo ao povo a responsabilidade pela inflação. Se a carne está cara, não come todo dia; se o sabão está caro, deixe o banho para o fim de semana. Agora, se for a cervejinha, daí você já sabe o que fazer…
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.
noticia por : Gazeta do Povo