26 C
Cuiabá
quinta-feira, fevereiro 6, 2025

Criado para público de baixíssima renda, Fies Social "cobra" mais de R$ 2 mil por mês em cursos de medicina: "De social, não tem nada", diz aluna

LUIZA TENENTE

DO G1

“Fies Social? De ‘social’, ele não tem nada”, diz Eduarda Cardoso, de 22 anos, estudante de medicina e beneficiária do programa, criado em 2024 pelo Ministério da Educação (MEC). “Nossa renda é de R$ 700 por pessoa aqui em casa, mas preciso pagar R$ 2.300 por mês na faculdade, mesmo com Fies. É inviável.”

????O que é Fies Social? Essa modalidade de financiamento do ensino superior é direcionada especificamente a pessoas de baixíssima renda familiar, que ganham menos de meio salário mínimo per capita, ou seja, até R$ 759 (no Fies “normal”, o limite é de 3 salários mínimos). Funciona como um “empréstimo’: em tese, o governo cobre 100% dos encargos educacionais (mensalidades e taxas) ao longo da graduação, desde que o aluno pague essa dívida depois de se formar, quando já tiver um emprego.
O problema, segundo Eduarda e outros jovens ouvidos pelo g1, é que existe um “teto” muito baixo no financiamento, considerando os preços atuais das faculdades. No caso de medicina, o patamar máximo “emprestado” pelo programa é de R$ 10 mil por mês — sendo que boa parte das instituições cobra mais de R$ 12 mil. Tudo o que extrapola o limite deve ser pago pelo aluno mensalmente, na chamada “coparticipação”.

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão

➡️Um exemplo real: Ana Silva, de 24 anos, é uma das que 2,3 mil pessoas que se matricularam em medicina pelo Fies Social. Ela foi aprovada no segundo semestre de 2024, em uma instituição de ensino de Salvador.

Como o curso é integral, ela precisa contar somente com a renda do marido, inferior a R$ 800.
A mensalidade, quando Ana ingressou em medicina, era de R$ 12.553,60. Como só R$ 10 mil são financiados, ela pagou mensalmente R$ 2.553,60, de julho a dezembro do ano passado, usando todas as economias do casal.
Em 2025, a faculdade reajustou as mensalidades para R$ 14.037. Com isso, mesmo com uma renda de R$ 800, ela teria de pagar R$ 4.037 de coparticipação a cada mês.
“Se eu soubesse que [o valor] aumentaria tão absurdamente, nem teria assinado o contrato. Não tem condição de eu continuar estudando neste ano. Já solicitei o trancamento da vaga e a suspensão do contrato do Fies”, conta.

Leia a matéria completa aqui.

FONTE : ReporterMT

PUBLICIDADE

NOTÍCIAS

Leia mais notícias