Mediada por EUA, Catar e Egito, trégua é a segunda do conflito, iniciado em outubro de 2023. Novo acordo ocorre às vésperas de troca de governo nos EUA e entrará em vigor no domingo (19). Palestinos e israelenses celebram anúncio de cessar-fogo em Gaza
Depois de 17 meses de conflito e 48 mil mortes, Israel e Hamas consentiram com um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O acordo, que passa a valer a partir do próximo domingo (19), determina que reféns sequestrados por ambos os lados sejam libertados em fases.
Na primeira delas, 33 dos reféns israelenses e estrangeiros pelo Hamas serão liberados, em troca de centenas de prisioneiros palestinos.
A notícia está sendo comemorada pela população israelense no Praça dos Reféns, um acampamento armado na frente do Museu de Arte de Tel Aviv, onde amigos e familiares de reféns se reuniam para fazer vigílias e pressionar o governo de Benjamin Netanyahu para um acordo.
“Estamos realmente muito felizes com isso, antes de tudo. Mas [isso] vem, você sabe, com um sentimento sobre todos os reféns. Porque [nesta primeira fase] chegam parte deles, não todos. Então, para nós é apenas o começo. Queremos todos eles aqui, certo?”, diz Arnon Cohen, amigo de dois reféns tomados pelo Hamas no ataque do dia 7 de outubro de 2023.
‘”Eu realmente, realmente espero que meu avô volte. Estou muito feliz que talvez o veja em breve, mas estou muito, muito desapontado com a comunidade internacional que permitiu que mulheres, idosos fossem mantidos cativos por mais de 15 meses”, diz o neto de um dos cativos do Hamas.
De acordo com o governo israelense, o Hamas detém 70 reféns vivos, dos 94 sequestrados durante o ataque de 7 de outubro.
Familiares de reféns tomados pelo Hamas celebram acordo
Imagem: AP
Em Khan Younis, uma das cidades palestinas mais devastadas pela guerra, residentes palestinos também se reúnem para celebrar o acordo de cessar-fogo, na esperança de um tempo prolongado de paz na região.
“Estamos muito felizes que esta crise, tristeza, bombardeio e morte que aconteceram conosco finalmente acabaram e que voltaremos para nossas cidades natais e voltaremos para nossas famílias em Beit Hanoun, Gaza e o norte (de Gaza) e veremos nossas famílias que permaneceram vivas”, diz Abdallah Al-Baysouni, um palestino forçado a deixar a sua casa em razão das operações militares aéreas e terrestres de Israel.
“As pessoas estão felizes com a notícia do cessar-fogo. Estamos tão cansados da guerra; estamos exaustos. Só queremos uma trégua, queremos paz, e esperamos que implementem um cessar-fogo completo. Que parem a guerra para que possamos viver em paz, e que abram a passagem de fronteira para que possamos trazer alimentos e tudo o que precisamos—farinha, fraldas e fórmula para bebês. Que tragam tudo para nós”, diz a palestina Yasser Oweida.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 2 milhões de palestinos foram deslocados pelo conflito.
Palestinos comemoram acordo de cessar-fogo
Imagem: AP
Veja os principais pontos do acordo de cessar-fogo
Além da troca de reféns, o acordo de cessar-fogo prevê uma série de medidas que serão aplicadas em três fases, entre as quais:
Retirada de tropas israelenses
A retirada será feita em etapas, com as forças israelenses permanecendo ao longo da fronteira com Gaza para proteger as cidades e vilarejos fronteiriços de Israel.
Haverá arranjos de segurança no corredor da Filadélfia, uma faixa de território ao longo da fronteira de Gaza com o Egito, com Israel se retirando de partes dele após a primeira fase do acordo.
Residentes desarmados do norte de Gaza poderão retornar, com um mecanismo para garantir que nenhuma arma seja transportada para lá. Tropas israelenses se retirarão do corredor Netzarim, no centro de Gaza.
A travessia de Rafah, entre o Egito e Gaza, começará a operar gradualmente, permitindo a passagem de pessoas doentes e casos humanitários para tratamento fora do enclave.
Aumento de ajuda humanitária
Haverá um aumento significativo na ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde organizações internacionais, incluindo a ONU, afirmam que a população enfrenta uma grave crise humanitária. Israel permite a entrada de ajuda no enclave, mas há uma discrepância entre a quantidade permitida a entrar em Gaza e a que realmente chega às pessoas necessitadas.
Governança futura de Gaza
Quem administrará Gaza após a guerra é uma incógnita nas negociações. Parece que essa questão foi deixada de fora da proposta atual devido à sua complexidade e à probabilidade de atrasar um acordo limitado.
Israel afirmou que não encerrará a guerra com o Hamas no poder. Também rejeitou que Gaza seja administrada pela Autoridade Palestina, entidade apoiada pelo Ocidente e criada sob os acordos de paz provisórios de Oslo, há três décadas, que exerce soberania limitada na Cisjordânia ocupada.
Israel declarou desde o início de sua campanha militar em Gaza que manterá o controle de segurança sobre o enclave após o fim dos combates.
A comunidade internacional insiste que Gaza deve ser administrada pelos palestinos, mas esforços para encontrar alternativas entre líderes da sociedade civil ou clãs locais têm sido amplamente infrutíferos.
No entanto, houve discussões entre Israel, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos sobre uma administração provisória para governar Gaza até que uma Autoridade Palestina reformada possa assumir o controle.
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Fonte: G1
Cessar-fogo: 'Queremos todos eles aqui', diz israelense sobre reféns; 'Que parem a guerra para que possamos viver em paz', afirma palestina
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