Da mesma forma, pichação de estátua ou roubo de exemplar da Constituição são crimes com penas que nem daria cadeia se analisados isoladamente. Esse crime só prova que essas pessoas estavam cometendo outro ao participar dos atos golpistas, como dissolução violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa. Esses sim dão anos de xilindró.
O grande show de ilusionismo tanto nos casos de trabalho escravo quanto na tentativa de golpe de Estado é fazer uma parte da população, e até dos jornalistas, acreditar que a punição é por algo quando, na verdade, é por outra coisa.
Bolsonaro também diz que o 8 de janeiro de 2023 não teve caráter golpista porque foi organizado por “senhorinhas com uma Bíblia debaixo do braço e senhorzinhos com a bandeira do Brasil nas costas”.
Podíamos citar vários, mas vale lembrar o caso de Fátima Mendonça Jacinto Souza, a Dona Fátima de Tubarão. Exaltada em um vídeo gravado pelos próprios golpistas por estar “quebrando tudo”, ela é uma das acusadas. Antes do envolvimento nos atos golpistas, já havia sido condenada por tráfico de crack, usando jovens menores de idade, em 2014. Também tentou fraudar o INSS e usou documentos falsos. Nas redes, atacava o sistema eleitoral. Era chamada de exemplo de uma mulher de bem.
À medida em que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado pela Procuradoria-Geral da República como o líder da conspiração, a campanha de desinformação e a violência tendem a crescer.
O mais preocupante é que o acirramento dos ânimos, ao que tudo indica, não é algo orgânico que brota de indignação, mas é devidamente semeado por lideranças para colher o caos. E, dessa forma, tentar atrasar, interferir ou deslegitimar os julgamentos dos 34 da cúpula do golpe que devem virar réus.
noticia por : UOL