Ubirajara Félix do Nascimento, mais conhecido como Bira Presidente, fundador do bloco Cacique de Ramos e do grupo de samba Fundo de Quintal, está internado no Rio de Janeiro. Segundo comunicado divulgado pela agremiação nesta segunda-feira (9), o pandeirista de 88 anos enfrenta um quadro clínico delicado, “com comorbidades associadas e histórico de tratamento oncológico prolongado, além do diagnóstico de Alzheimer“.
O texto ainda diz que a situação atual do músico, internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, “requer atenção contínua e monitoramento por parte da equipe médica”. Um outro comunicado, assinado pelo diretor técnico do hospital, Luiz Fernando Nogueira Simvoulidis, às 18h desta segunda, afirma que o quadro de saúde de Bira é estável.
Bira e seu irmão, Ubirany —inventor do repique de mão e também integrante do Fundo de Quintal, morto há cinco anos—, fundaram o Cacique de Ramos em 1961. Instituição do Carnaval carioca, o bloco desfila até hoje em três dias no centro do Rio, com mais de 300 pessoas na bateria.
“Três famílias que gostavam da boemia —a minha, a do Sereno e a do Aymoré Espírito Santo— decidiram fazer um bloquinho ali em Ramos. A maioria foi casando, cuidando da vida e eu gostei do negócio e continuei”, disse Bira, que é presidente do Cacique de Ramos, à Folha, em 2021.
O nome do bloco, assim como as indumentárias indígenas, vieram da mãe de Bira e Ubirany, Conceição Nascimento. Ela se tornou mãe de santo depois de conhecer Mãe Menininha do Gantois na Bahia e sugeriu que eles se inspirassem nas origens indígenas dos nomes de seus filhos —Ubirany, Ubirajara (o Bira) e Ubiracy. “Ela falou, ‘bota esse nome porque é espiritual’.”
Na década de 1970, o bloco sediado em Olaria ficou famoso pelas rodas de samba, de onde saíram nomes como Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Sombrinha, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila, Neoci e Zeca Pagodinho, entre outros. Após uma visita, Beth Carvalho decidiu levar aqueles músicos ao estúdio, dando origem ao seu disco “De Pé no Chão”, de 1978, e à criação do grupo Fundo de Quintal.
Bira Presidente se notabilizou pelo estilo próprio de tocar pandeiro —completamente diferente da levada dura do choro. “Meu pai era da boemia, amigo de Pixinguinha, João da Baiana. Ele me levava pra casa dessa turma. Era fartura de comida, cerveja, cachaça, vinho, uísque. Ficava sentado com o cara do pandeiro e me deram um de presente. Simplesmente aconteceu, entrou no meu estado de espírito.”
No comunicado divulgado nesta segunda, a família diz que “acompanha de perto todos os desdobramentos, e agradece, com emoção, as inúmeras manifestações de carinho, fé e respeito que têm chegado de diversas partes do Brasil”. “Por orientação dos próprios familiares, todas as informações oficiais sobre o estado de saúde de Bira Presidente serão divulgadas exclusivamente pelos canais do Cacique de Ramos”, diz o texto.
noticia por : UOL