Em 29 de dezembro, o corretor de imóveis Lucas Ribeiro Leitão, de Fortaleza, foi preso após ser detido a caminho de Brasília por equipes da Divisão de Proteção e Combate ao Extremismo Violento da Polícia Civil do DF. Ele confessou que planejava um ataque à capital federal. E, um dia antes, o advogado Fabrízio Domingues Ferreira ameaçou explodir as sedes da Polícia Militar e da Polícia Federal no Distrito Federal, e disse que já estaria com as bombas. A PM não encontrou explosivos com ele e apontou que estava em surto psicótico.
Do ponto de vista político, pouco importa se tinham problemas mentais ou se estavam profundamente perturbados. Eles foram inspirados por aqueles que arquitetaram o golpe em 2022 e que permanecem sem punição.
Pode ser difícil para muitas pessoas visualizarem que a impunidade daqueles que cometeram o golpe de 31 de março de 1964 incentivou uma intentona golpista, quase 60 anos depois, entre outubro de 2022 e janeiro de 2023. Por isso, atentados como o do homem-bomba desenham de forma didática para a sociedade o que a falta de uma resposta dura pela Justiça pode causar.
Desde fevereiro do ano passado, Jair Bolsonaro tem pautado o tema da anistia aos “pobres coitados do 8 de janeiro”. Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, defende, na prática, um projeto de lei que pode beneficiá-lo. Tenta convencer que o melhor é um arranjo para não punir ninguém pelos crimes cometidos a fim de “pacificar” o país.
Enquanto bolsonaristas mais radicais continuam defendendo a anistia a todo o custo, para ajudar o ex-presidente, passou de 13% para 37%, entre dezembro de 2023 e de 2024, o total de eleitores de Jair que acreditam que ele influenciou os atos golpistas, segundo pesquisa Genial/Quaest. Já o total dos que não creem nisso passou de 81% para 55% no mesmo período.
Se a divulgação do que foi encontrado pela Polícia Federal durante sua investigação do golpismo ajudou a evitar a natural perda de memória da maioria da população quanto ao 8 de janeiro, a horda de golpistas que continua tentando mandar o STF para os ares impõe um constrangimento a quem defende que se perdoe o que ocorreu.
noticia por : UOL