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Análises clínicas apontam para circulação de 8 variantes do coronavírus (covid-19) em Mato Grosso, porém, até o momento, não foi detectada no Estado a B.1.617 (variante indiana considerada uma preocupação global pela Organização Mundial da Saúde – OMS).
Pesquisadores afirmam que situação é preocupante, uma vez que, quanto mais mutações, mais prováveis são os escapes à imunização disponível. Variações cada vez mais numerosas são associadas à taxa elevada de casos da doença, desrespeito às medidas de restrição e lentidão no sequenciamento viral e vacinação.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), até o momento foram confirmadas as presenças das variantes: B.1.1.7 (Reino Unido), B.1.1.28 (Japão), B.1.1.332, B.1.206, B.6.7, N.9 (São Paulo), P.1 (Manaus) e P.2 (Rio de Janeiro).
O virologista e pesquisador da área de medicina tropical, José Eduardo Levi, explica que as variantes da covid-19 podem surgir em qualquer lugar, mas, quando uma área não oferece condições propícias para a proliferação da doença, elas tendem a desaparecer.
Segundo ele, este não é o caso do Brasil. “Temos uma população extremamente desrespeitosa às medidas de biossegurança, não temos estrutura e incentivo para acompanhamento das mutações, além de uma vacinação lenta. Tudo isso favorece o surgimento de novas linhagens do coronavírus”.
Levi destaca que em todo o mundo já foram detectadas cerca de mil variantes. Uma das últimas linhagens descoberta em circulação no país e já detectada em Mato Grosso é a N9. “As 3 variantes que mais se destacam por seus níveis de transmissibilidade e potencialidade são a P1, a P2 e agora a N9. Sendo a primeira classificada em todo o mundo como ‘variante preocupação’. O que chama atenção é que todas elas possivelmente são oriundas do Brasil”.
Acompanhando a situação geográfica do coronavírus em todo o país, o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Icivt/Fiocruz), Diego Xavier, afirma que Mato Grosso é um dos estados que poderia estar em um cenário menos crítico, caso mantivesse as medidas restritivas por mais tempo. “Não adianta fechar comércio, ter toque de recolher e multas para quem descumprir as medidas de biossegurança, se após uma leve queda nos números, tudo volta a funcionar como se não existisse coronavírus”.
Xavier destaca que a avaliação de novas amostras de casos confirmados da doença no Estado provavelmente apontarão para uma quantidade maior de novas variantes circulando na região.
“Mato Grosso é um estado de grande extensão territorial e temos poucos laboratórios que realizam o sequenciamento viral da covid-19. Não é à toa que os casos mantêm um patamar acima de 1.500 novos registros diários e a taxa de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) continua em torno de 90%”.
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