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Impactos de modelos de desenvolvimentos e a destruição aceleraram a degradação do bioma do Pantanal. Conforme um levantamento da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), o desmatamento, a mineração e a queimadas são fatores que intensificam esse processo.
O estudo foi publicado em julho deste ano e se refere ao ano passado. Entre os fatores analisados, a federação também cita os agrotóxicos, a remoção de vegetação e a construção de hidrovias no bioma.
Para a federação, o agronegócio se fortalece política e economicamente, o que tem causado danos irreversíveis ao Pantanal, seja pelos avanços de empreendimentos de mineração, hidrelétricas e monocultivos na planície pantaneira, ou pela ocupação do planalto, com impactos nas nascentes dos principais rios que formam o Pantanal como o Paraguai, o Cuiabá, o Seputuba e o São Lourenço.
Segundo os dados, a política de geração de energia através da construção de hidrelétricas também tem impacto direto sobre a região, por causar mudança na vazão dos rios que comprometem a dinâmica das águas das cheias e das estiagens.
“Obras e instalações para funcionamento da Hidrovia Paraguai-Paraná prevê grandes intervenções, desde dragagem, canalização, construção de portos, etc. Entre os impactos previstos estão a perda de biodiversidade e alteração na dinâmica ecológica de todo o ecossistema e a expulsão das comunidades ribeirinhas”, disse.
Além da mudança nos rios, a mineração é bastante explorada já que a região é rica em diversos tipos de minerais, ouro e ferro. Os garimpos ilegais causam destruição ambiental, poluição do ar e das águas, impedimento à produção agrícola, mas também o adoecimento da população.
Dentre os problemas da mineração, o risco constante do rompimento de barragens que liberam rejeitos nas comunidades e regiões próximas.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a remoção da vegetação nativa nos planaltos para implementação de lavouras e de pastagens, sem considerar a aptidão das terras, e a adoção de práticas de manejo e conservação de solo, além da destruição de habitats, são fatores que aceleraram os processos erosivos no Pantanal.
“A consequência imediata tem sido o assoreamento dos rios na planície, o que tem intensificado as inundações com sérios prejuízos à fauna, flora e economia do Pantanal”, disse.
Queimadas no Pantanal às margens do Rio Paraguai em Cáceres (MT) — Foto: João Paulo Guimarães
Conforme o estudo, os incêndios criminosos oriundas de ações humanas fazem parte de 98% das queimadas no bioma. As perdas das florestas por desmatamento e incêndios têm sido atribuídas às causas das mudanças climáticas e a consequente escassez hídrica, e tiveram forte repercussão internacional nos últimos anos.
“Este modelo de baseado na exploração desenfreada dos recursos naturais do avanço dos projetos do agronegócio, hidronegócio, e exploração mineral, uso abusivo de agrotóxicos tem colocado em risco a sociobiodiversidade pantaneira”, diz trecho do relatório.
Agrotóxicos
Pulverização de lavoura de soja — Foto: Amanda Sampaio/G1 MT
A análise traz ênfase nos agrotóxicos utilizados pelo agronegócio, já que Mato Grosso é um dos estados que mais consomem os produtos no país. A exposição, em graus diferenciados de toxicidade, se dá, por meio de pulverizações aéreas e mecanizadas e está presente na cadeia produtiva do agronegócio, deixando resíduos nas águas, nos solos e no processo agroindustrial de alimentos.
Segundo a Fase, para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a expansão desordenada e rápida da agropecuária em Mato Grosso, com a utilização de altas cargas de agroquímicos tem provocado a contaminação de peixes e jacarés por pesticidas. Os produtos utilizados são transportados pela água, impactando os rio do estado.
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