A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá cumprem, nesta quinta-feira (28), 88 ordens judiciais contra uma quadrilha suspeita de misturar areia a cargas milionárias de soja exportadas para a China.
O grupo atuava em crimes de furto e fraude na entrega de cargas no sul de Mato Grosso. Foram adulteradas cerca de 9 mil toneladas de soja.
Segundo as investigações, a quadrilha é composta por empresários do ramo de transporte e comércio de grãos, agenciadores, motoristas de caminhão e funcionários da empresa vítima, num total de 30 pessoas identificadas envolvidas.
São cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, 32 mandados de busca e apreensão domiciliar, além de 31 ordens de sequestro de bens nas cidades de Rondonópolis, Pedra Preta, Diamantino e em Cuiabá.
A operação é a terceira fase da investigação que começou em março do ano passado, quando 10 pessoas foram presas por receptação, roubo e adulteração de cargas de soja, farelo de soja e milho.
Na época, o grupo criminoso foi flagrado na posse de carga de farelo de soja avaliada em mais de R$ 130 mil. A quadrilha pretendia transformar a carga roubada em diversas outras cargas adulteradas que seriam entregues no terminal de cargas ferroviário de Rondonópolis.
Investigações
As investigações apontaram que o grupo criminoso vem atuando em Rondonópolis desde 2020, contando com a participação de empresários, motoristas de caminhão e funcionários da empresa vítima, tendo desviado aproximadamente 9 mil toneladas de soja e farelo de soja entre os meses de janeiro a março de 2021, com valor estimado de R$ 22,5 milhões em produto roubado em apenas três meses, havendo indícios de que a atividade criminosa não foi encerrada.
Para prática dos crimes, foram constituídas empresas do ramo de transporte e comércio de grãos a fim de que pudessem realizar o transporte, adulteração das cargas e posterior comércio da mercadoria desviada com aparência de licitude, sendo identificadas oito pessoas jurídicas envolvidas no esquema.
Como funcionava
No primeiro tipo de crime, o farelo de soja era carregado por integrantes do grupo criminoso em uma empresa em Primavera do Leste com destino ao terminal de cargas em Rondonópolis. Então era realizada a clonagem de outro caminhão com mercadoria adulterada nas empresas da organização criminosa.
O caminhão clonado entrava no pátio da empresa com a ajuda de funcionários envolvidos no esquema e descarregava a mercadoria adulterada. O caminhão com a carga sem adulteração retornava para empresa do investigado, onde era descarregada e posteriormente comercializada por valores abaixo do preço de mercado, gerando um lucro aproximado de R$ 100 mil por carga desviada.
Em outra frente criminosa, com foco nos produtos soja a granel e farelo de soja, era realizado o aliciamento dos motoristas de caminhão e as cargas sem adulteração provenientes de todo o estado eram levadas até a empresas dos investigados, onde eram adulteradas com areia para depois serem entregues no terminal ferroviário.
Informamt/g1-mt