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quinta-feira, novembro 21, 2024

Criminosos invade e desmatam área protegida em MT; Servidores públicos são ameaçados de morte

InformaMT

A Polícia Federal, a Polícia Civil de Mato Grosso e o Ministério Público Federal investigam a extração ilegal de madeira na Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt e nas quatro unidades de conservação no seu entorno. A reserva faz parte da Amazônia Legal e tem os últimos remanescentes contínuos de floresta do estado.

As investigações mapearam a existência de uma organização criminosa. Estima-se que até 90% da renda da cidade venham do desmate ilegal, e há a suspeita de que os invasores estão abrindo estradas até a Bolívia, para o tráfico de drogas.

O desmatamento na reserva de 2019 a 2021 aumentou 124%, em relação aos três anos anteriores, e evidenciou as atividades ilegais em Colniza, município marcado por homicídios ligados a conflitos fundiários. Ameaças e emboscadas foram feitas contra agentes da Secretaria de Meio Ambiente do estado e funcionários da Funai responsáveis pela Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo. Indígenas isolados vivem na área, que fica sobreposta à reserva.

“Há muitas emboscadas com pregos nas estradas para furar os pneus dos carros da Secretaria do Meio Ambiente”

Agentes da PF cumpriram no mês passado dois mandados de busca e apreensão em Guariba, distrito de Colniza, contra suspeitos de ameaçar de morte servidores da Funai. Um dos principais ameaçados é o indigenista Jair Candor, especialista em povos isolados. Em 2018, um fazendeiro que invadiu a terra Kawahiva ameaçou surrar Candor e queimar a base da Funai em que trabalha o indigenista. O ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu que a Força Nacional proteja durante 60 dias a base da fundação.

“Há muitas emboscadas com pregos nas estradas para furar os pneus dos carros da Secretaria do Meio Ambiente. Conseguimos fazer operações somente com a ajuda do Batalhão Ambiental e do Bope da PM, quando não com o Exército”, diz Maurren Lazzaretti, secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso.

Ribeirinhos ouvidos pelo GLOBO dizem que caminhões com toras de ipês, a árvore mais cobiçada pelos criminosos, cruzam sem parar o rio que corta a região com destino a serrarias em Guariba. Do distrito, a madeira segue para ser “esquentada” no município vizinho de Machadinho do Oeste, em Rondônia, ou para o Sul e Sudeste do país, onde abastece grandes empresas de móveis. As serrarias e o processo de “esquentamento” serão os próximos alvo das investigações.

“Cruzam o Rio Guariba durante a seca. Quando não tem fiscalização, atravessam o dia todo. Quando tem, cruzam de madrugada, com uma média de três caminhões por noite”, afirma um ribeirinho que não quis se identificar.

Desde 2007, já foram desmatados 24 mil dos 164,2 mil hectares que possui a área (15%). Nos últimos dois anos, outros 42,3 mil hectares foram alvo de queimadas (25%). A reserva extrativista está no meio de uma queda de braço entre políticos e moradores que lutam para o tamanho da unidade não ser reduzido.

“A reserva foi uma covardia que fizeram com Colniza. Tiraram produtores rurais com escritura da terra para ampliar a área. Vamos bater em cima para derrubar a lei que ampliou a reserva. Colniza tem hoje 28 mil quilômetros quadrados. É um município gigante. Para você ter uma ideia, temos apenas 15% do município aberto para exploração”, afirma o prefeito de Colniza, Miltinho Amorim (PSC).

O prefeito também nega que a extração ilegal predomine no município. “Temos muito mato aqui na região, muito manejo. Essa conversa de que nossas indústrias madeireiras são ilegais é pura mentira. Todas as madeireiras trabalham na legalidade. A nossa extração é legalizada. Existe, sim, uma minoria que trabalha na ilegalidade. Eu desconheço qualquer organização criminosa. O setor madeireiro apenas protege, é um guardião da floresta”.

A Funai, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Segurança de Mato Grosso não se manifestaram.

 

InformaMT/MidiaNews

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