31 C
Cuiabá
terça-feira, fevereiro 4, 2025

Negociações por 2ª fase do cessar-fogo em Gaza começaram, diz Hamas; Trump e Netanyahu se encontram nesta terça


Acordo de trégua na guerra entre Israel e grupo terrorista palestino está em vigor desde 19 de janeiro. Presidente dos EUA disse a repórteres que ‘não tem garantias de que paz será mantida’ no território. Palestinos deslocados retornar para suas casas na Faixa de Gaza
REUTERS
As negociações sobre a segunda fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza começaram na manhã desta terça-feira (4), disse o porta-voz do grupo terrorista Hamas.
O acordo de trégua na guerra entre Israel e Hamas no território palestino, anunciado no dia 15 de janeiro pelo Catar —líder das mediações junto com EUA e Egito— previa um acordo de três fases, sendo as duas últimas com termos a serem negociados durante a implementação da primeira fase. Leia mais sobre o acordo abaixo.
Durante o cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, já houve três rodadas de libertações de reféns israelenses que estavam em poder do Hamas em Gaza em troca da soltura de prisioneiros palestinos. Também houve um aumento na entrada de ajuda humanitária aos habitantes do território.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se encontrarão nesta terça-feira em Washington D.C. e devem discutir, entre outros assuntos, o cessar-fogo em Gaza.
Netanyahu chega ao encontro com Trump enfrentando pressões opostas: de sua coalizão de direita, que quer o fim da trégua temporária na guerra contra o Hamas, e de israelenses cansados da guerra, que desejam o retorno de todos os reféns e o fim do conflito, que já dura 15 meses.
Trump se mostra cauteloso sobre a viabilidade da trégua a longo prazo, mesmo assumindo o crédito por pressionar Hamas e Israel a aceitarem o acordo de cessar-fogo e troca de reféns, que entrou em vigor no dia anterior ao seu retorno à presidência no mês passado.
“Não tenho garantias de que a paz será mantida”, disse Trump a repórteres na segunda-feira.
O acordo
Israel x Hamas: foto mostra edifícios em ruínas no norte de Gaza, em 13 de janeiro de 2025.
Reuters/Amir Cohen
Confira, em detalhes, como será o acordo de cessar-fogo em Gaza.
🔵 1º etapa, que durará seis semanas: o cessar-fogo prevê que 33 reféns sob o poder do Hamas sejam libertados. Entre eles estão mulheres, crianças e homens acima dos 50 anos. Além disso:
Israel vai retirar aos poucos as tropas da Faixa de Gaza.
600 caminhões com ajuda humanitária vão entrar todos os dias no território palestino.
Israel vai soltar 30 prisioneiros palestinos para cada refém civil libertado, além de 50 prisioneiros palestinos para cada militar israelense libertado.
A expectativa é que Israel solte cerca de mil prisioneiros nesta primeira etapa. As prioridades são mulheres e crianças.
Israel diminuirá sua presença no corredor da Filadélfia – uma faixa de território ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.
A implementação do acordo será garantida pelo Catar, Egito e Estados Unidos.
🔵 2º etapa, que ainda está sendo negociada: conclusão da libertação dos reféns sob o poder do Hamas, incluindo a devolução dos corpos daqueles que morreram. Além disso:
Em troca, Israel libertará mais prisioneiros e detidos palestinos, incluindo 30 que cumprem sentenças de prisão perpétua.
Integrantes do Hamas que participaram do ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel não serão libertados.
Forças de Israel serão totalmente retiradas da Faixa de Gaza.
Cessar-fogo passa a ser permanente.
🔵 3º etapa, que ainda será negociada: consiste nas negociações sobre a reconstrução de Gaza, que levaria ao fim da guerra. Porém, ainda existe um debate sobre quem comandará a região. Não há garantias de que o encerramento do conflito aconteça de fato.
Encontro Netanyahu e Trump
Benjamin Netanyahu e Donald Trump se encontram antes de assinar os Acordos de Abraão, em Washington, em foto tirada em 15 de setembro de 2020
Tom Brenner/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta terça-feira (4) na Casa Branca o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que enviará esta semana uma delegação ao Catar para retomar as negociações sobre o cessar-fogo em Gaza.
Netanyahu é o primeiro governante estrangeiro convidado à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, em 20 de janeiro, um símbolo da relação estreita entre o líder israelense e o magnata republicano.
Antes da reunião, o gabinete de Netanyahu anunciou que enviará “no final da semana” uma delegação ao Catar para discutir as próximas fases do cessar-fogo em vigor em Gaza desde 19 de janeiro.
Na segunda-feira, duas fontes do Hamas afirmaram à AFP que o movimento está “pronto” para reiniciar as conversações e aguarda a convocação dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos).
O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista Hamas e a libertação de vários reféns israelenses em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.
O pacto contempla três fases. A primeira, de seis semanas, também deve servir para negociar os detalhes da segunda, que deve incluir a libertação dos demais reféns ainda vivos e o fim definitivo da guerra.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel, que provocou as mortes de 1.210 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Israel respondeu com uma campanha aérea e terrestre contra Gaza que devastou o território e deixou pelo menos 47.487 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.
Em seu ataque, os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. Destas, 76 permanecem retidas em Gaza, mas o Exército israelense considera que 34 morreram em cativeiro.
Quando a primeira fase da trégua acabar, o Hamas ainda terá quase 50 reféns, entre vivos e mortos.
‘Redesenhar’ o mapa do Oriente Médio
Antes de viajar, Netanyahu afirmou que “trabalhando de maneira estreita” com Trump seria possível “redesenhar ainda mais” o mapa do Oriente Médio.
O presidente republicano gerou polêmica internacional recentemente ao propor “limpar” Gaza e transferir seus habitantes para locais “mais seguros”, como Egito e Jordânia, que afirmaram que são contrárias à ideia.
Também questionou a continuidade do acordo de trégua em Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo.
Seu emissário especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou um leve otimismo e disse que acredita em “libertar os reféns, salvar vidas e chegar a uma resolução pacífica de tudo”.
A recusa de Jordânia e Egito a receber os 2,4 milhões de habitantes de Gaza não parece desanimar Trump, que aborda cada desafio diplomático como a negociação de um contrato de negócios.
“Fazemos muito por eles e eles vão fazer”, insistiu na quinta-feira da semana passada.
O presidente republicano receberá em 11 de fevereiro o rei Abdullah II da Jordânia e conversou no sábado (1) com seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al Sisi.
A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados palestinos e o Egito tem uma fronteira com a Faixa de Gaza crucial para a entrada da ajuda humanitária que o território tanto precisa.
Em uma mudança expressiva em relação ao seu antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos que havia sido suspensa pelo democrata. Também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.
O novo presidente também pode abordar com o convidado o tema da normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita, potência regional no Oriente Médio, pelo qual já trabalhou durante seu primeiro mandato.
source
Fonte: G1

PUBLICIDADE

NOTÍCIAS

Leia mais notícias