O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) identificou e multou as pessoas envolvidas na morte de uma onça-parda em dezembro no município de Alto Longá, no Piauí. A ação foi gravada e publicada nas redes sociais pelos familiares.
O órgão disse que a pessoa que aparece no vídeo atirando contra o animal, que estava em cima da árvore, é Eula Pereira da Silva. Ela é do Rio de Janeiro e estava de férias no Piauí, conforme afirmou em conversa por telefone com os agentes do Ibama.
Aos técnicos, Eula e os parentes afirmaram que a morte não foi intencional e que dispararam o tiro apenas para afugentar a onça. Eles alegaram que o animal matava as criações como galinhas, bodes e ovelhas.
A reportagem não conseguiu contato com os envolvidos.
Conforme as imagens, após a onça cair, ela é atacada pelos cachorros da família e ainda leva pauladas na cabeça desferidas por Manoel Pereira da Silva, pai de Eula. Quem gravou a ação foi Heliude Pereira da Silva, que é irmã de Eula e filha de Manuel.
Aos fiscais do Ibama, Manoel da Silva disse que a espingarda usada para atirar no felino era dele. A arma (uma espingarda calibre 32) foi confiscada pelos agentes, assim como os quatro cães, que foram destinados a um abrigo de adoção.
Os três parentes irão responder pela morte do animal, caça irregular, abuso e maus-tratos, inclusive em relação aos cães. O caso será encaminhado ao Ministério Público. A Polícia Federal também abriu inquérito para apurar o crime, e a arma será periciada.
Eles também foram multados em R$ 20 mil cada um. A penalização é uma soma de infrações: R$ 12 mil por maus-tratos aos quatro cachorros utilizados na atividade de caça de onça; R$ 5.000 pela caça de uma onça-parda (Puma concolor), sem autorização do órgão ambiental competente; e R$ 3.000 por ato de abuso, pelo ferimento da onça-parda em atividade de caça irregular.
“Choca pela brutalidade do ato, uso dos cães, a comemoração por ter abatido um animal. Era uma espécie de troféu. O vídeo é muito impactante”, disse Adelquis Monteiro, chefe da divisão de fiscalização do Ibama do Piauí.
Segundo Monteiro, a região é um habitat natural das onças-pardas, devido à área de mata fechada e preservada da comunidade Cortada, local do crime em Alto Longá. Segundo ele, este foi o primeiro caso registrado no Ibama de tortura e morte de onça no lugar.
noticia por : UOL