O governo de Minas Gerais disse neste sábado (17) que determinou, como medida preventiva, o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados provenientes do Rio Grande do Sul, onde houve detecção de caso de gripe aviária.
“A iniciativa mostrou-se necessária para manter o controle sanitário, seguindo planos prévios para possíveis ocorrências do tipo, garantindo contenção e erradicação da doença e a manutenção da capacidade produtiva”, disse, em nota.
Na sexta-feira (16), o Brasil detectou pela primeira vez o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial, levando a restrições por parte de importadores, incluindo a China. O foco foi registrado no município de Montenegro (RS).
De acordo com o governo de Minas, os descartes dizem respeito a ovos que se encontram na região centro-oeste do estado.
Neste sábado (17), o Uruguai, o México e o Chile suspenderam as importações de frango do Brasil por causa da confirmação do foco da doença.
Segundo o secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, Uruguai e o Chile avisaram as autoridade brasileiras sobre a suspensão. Na tarde deste sábado (17), o México também informou que paralisará as importações até o controle da doença.
Nesta sexta-feira (16), Argentina, União Europeia e China anunciaram a interrupção nas importações de frango brasileiro por 60 dias.
Em conjunto, os mercados que já anunciaram suspensão de compras foram responsáveis por US$ 2,7 bilhões em compras de frango e ovos brasileiros em 2024. O valor representa 28% do total exportado pelo país no ano. O principal comprador é a China, com US$ 1,2 bilhão (13% do total).
Da lista dos que anunciaram a interrupção das compras, o segundo maior mercado é a União Europeia (7% do total vendido ao exterior em 2024), seguida por México (5%), Chile (3%), Argentina (0,3%) e Uruguai (0,2%).
A China é a maior compradora de frango do Brasil, respondendo sozinha por 10,5% das importações em 2024, quando recebeu 562 mil toneladas. O país é seguido pelos Emirados Árabes Unidos (455 mil toneladas), Japão (443 mil toneladas), Arábia Saudita (370 mil toneladas) e África do Sul (325 mil toneladas).
Tire suas dúvidas sobre a gripe aviária
O que é o H5N1?
É uma variante do vírus da gripe comum, integrante da família influenza. A variação H5N1 é comum em aves.
Qual a letalidade em aves?
Extremamente alta, segundo o professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP Paulo Eduardo Brandão. O vírus é transmitido rapidamente, e o número de mortes costuma ser ainda maior em granjas, que concentram muitos animais em um espaço pequeno.
Esse vírus é novo?
Não. Um ancestral dele é conhecido desde 1996 por infectar gansos. No Brasil, há registro de casos em animais silvestres desde 2023.
É seguro consumir carne e ovos de aves?
Sim. Comer produtos de um animal contaminado não transmite o vírus para humanos.
O vírus pode contaminar humanos de alguma forma?
A forma de transmissão da influenza é via gotículas aerossóis de espirros e fezes. Assim, há uma pequena chance de isso acontecer por meio do contato direto com animais vivos contaminados ou locais de criação.
Outros animais podem ser infectados?
Nos Estados Unidos, já houve registro de infecção de bovinos, e pessoas contraíram a doença após contato com o gado. No Chile, houve contaminação de leões leões-marinhos.
O que o governo brasileiro está fazendo para conter o surto?
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) decretou emergência zoossanitária por 60 dias no município de Montenegro (RS). A pasta também trabalha no rastreio da produção do estabelecimento onde foi confirmado o caso.
Por que o vírus pode está trazendo embargos comerciais?
Os países têm políticas de suspensão de importações de lugares onde houve detecção de gripe aviária para evitar a entrada do vírus em zonas livres da doença.
A situação pode sair de controle?
Sim. Para a veterinária especialista em zoonoses Paula Giaffone, os Estados Unidos são um exemplo negativo. “Nos EUA, a situação está realmente complicada, o vírus se espalhou por granjas, atingiu rebanhos leiteiros e é encontrado até em testes de água, nos sistemas de distribuição de água”.
noticia por : UOL