No início de 2022, havia cerca de 11 milhões de imigrantes nos EUA ilegalmente ou com status temporário, número que já pode chegar aos 14 milhões, segundo analistas. Trump confirma intenção de promover deportação em massa
Prestes a voltar à Casa Branca, Donald Trump já confirmou: vai iniciar sua prometida operação de deportação em massa de imigrantes que estejam ilegais nos Estados Unidos assim que assumir como presidente, no dia 20 de janeiro.
No início de 2022, havia cerca de 11 milhões de imigrantes nos EUA ilegalmente ou com status temporário, número que já pode chegar aos 14 milhões, segundo analistas.
Os dados também apontam que 54% desses imigrantes que buscam se legalizar como cidadãos vivem nos EUA há 10 anos ou mais, e estão mais concentrados nos estados da Califórnia e do Texas.
Mas quem são os imigrantes que podem ser alvos dos planos de deportação em massa de Trump? De acordo com a agência de notícias Reuters, aqueles com proteções temporárias não são imediatamente deportáveis e muitos vivem em estados “santuários” que limitam a cooperação com a fiscalização federal de imigração.
Trump
Reuters/Jonathan Drake/File Photo
De onde vêm os imigrantes sem status legal?
Quase metade dos imigrantes ilegais nos EUA em 2022 vieram do México, totalizando 4,8 milhões de um total de 11 milhões, de acordo com um relatório do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
No entanto, desde janeiro de 2022, cerca de 2 milhões de imigrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela foram pegos cruzando ilegalmente ou autorizados a entrar por meio de programas humanitários da era Biden.
Guatemala, El Salvador e Honduras também são países de onde vêm um grande número de imigrantes.
Trump pretende encerrar os programas de entrada de Biden, incluindo um para migrantes com patrocinadores dos EUA e outro que permite que migrantes no México usem um aplicativo para entrar por uma travessia legal de fronteira.
Quantos são eles?
O Departamento de Segurança Interna dos EUA, o Centro de Estudos de Migração de Nova York e outras instituições usaram dados do Censo dos EUA e outros números para estimar o número de imigrantes existentes no país em 2022: cerca de 11 milhões.
Além dos ilegais, as estimativas incluem pessoas que têm proteção humanitária temporária. No dia 30 de setembro, 1,1 milhão estavam cobertas pelo Status de Proteção Temporária (TPS), que concede alívio de deportação e dá acesso a autorizações de trabalho.
As concessões de TPS duram de seis a 18 meses, mas podem ser renovadas indefinidamente para pessoas que já estão nos EUA se seus países de origem forem considerados inseguros devido a conflitos armados, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias.
Trump tentou acabar com elas durante sua presidência de 2017-2021, mas foi bloqueado por tribunais federais. Espera-se que ele tente encerrar a maioria das inscrições quando as proteções expirarem, mas o processo enfrentaria litígio.
Milhares de outros imigrantes têm um status semelhante, conhecido como Partida Forçada Diferida (DED), que Trump também pode tentar reverter.
Outras 535 mil pessoas têm alívio de deportação e autorizações de trabalho por meio do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA) para imigrantes “Dreamer” trazidos ilegalmente para os EUA quando crianças.
Trump tentou acabar com o programa DACA durante seu primeiro mandato, mas foi rejeitado pela Suprema Corte. Agora, a mesma medida é esperada, embora ele tenha dito, em uma entrevista recente, que estaria aberto a um acordo para proteger os “Dreamers”.
Além dos que estão protegidos por esses programas, o grupo de defesa da imigração FWD.us projeta que 10,1 milhões dos imigrantes no país vivem com um cidadão americano ou residente permanente, o que é conhecido como “família de status misto”.
Além disso, pelo menos 5,1 milhões de crianças cidadãs dos EUA vivem com um pai imigrante que não tem status legal, de acordo com uma análise de dados governamentais.
O número sugere que uma iniciativa de deportação em larga escala provavelmente separaria famílias e poderia afetar milhões de cidadãos e residentes permanentes dos EUA.
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Onde estão os imigrantes ilegais nos EUA?
A Califórnia é o estado com mais imigrantes ilegais nos EUA, com cerca de 2,2 milhões em 2022, de acordo com estimativas do Centro de Estudos de Migração de Nova York.
O Texas fica logo atrás com 1,8 milhões, seguido pela Flórida – 936 mil -; Nova York – 672 mil -; Nova Jersey – 495 mil -; e Illinois – 429 mil.
Califórnia, Nova York, Nova Jersey e Illinois – todos redutos democratas – estão entre os 11 estados com leis ou políticas de “santuário” que limitam a cooperação com as autoridades federais de imigração, de acordo com o Immigrant Legal Resource Center. São cerca de 44%.
A maioria dos imigrantes detidos pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) são pegos cruzando ilegalmente a fronteira ou são encaminhados de prisões e cadeias estaduais e locais.
As autoridades policiais em estados santuários geralmente se recusam a alertar o ICE quando detêm ou liberam um imigrante elegível para deportação.
Há quanto tempo vivem nos EUA?
Cerca de 54% dos imigrantes ilegais nos EUA viviam no país há mais de 10 anos em 2022, de acordo com o relatório do Centro de Estudos de Migração de Nova York.
Cerca de 25% estavam no país há menos de cinco anos.
Migrantes tentam cruzar o Rio Grande, nos Estados Unidos, enquanto grandes bolas formam barreira flutuante na fronteira
Eric Gay/AP
Onde trabalham?
Cerca de 8,7 milhões dos 11 milhões de imigrantes ilegais que estavam nos EUA em 2022 tinham entre 18 e 54 anos, ou sejam, eram ativos no mercado de trabalho.
Muitos deles atuam no setor agrícola. As estimativas variam. Segundo o Centro de Estudos de Migração de Nova York, o total era de 283.000 em 2022, com cerca de metade na Califórnia. O governo fala que o número pode estar mais próximo de 1 milhão.
Grupos agrícolas, inclusive, pediram a Trump que poupasse seus trabalhadores das prometidas deportações em massa, argumentando que sua remoção prejudicaria a cadeia de suprimento de alimentos dos EUA.
Para onde irão os imigrantes ilegais?
No começo de dezembro, o governo de Bahamas disse que rejeitou uma proposta da administração de Donald Trump para receber migrantes deportados.
O gabinete do primeiro-ministro Philip Davis informou em comunicado que recusou “uma proposta da equipe de transição de Trump nos Estados Unidos para que as Bahamas aceitassem voos de deportação de migrantes de outros países” e afirmou:
“Desde a rejeição dessa proposta pelo primeiro-ministro, não houve mais envolvimento ou discussões com a equipe de transição de Trump”.
Um dia antes do comunicado divulgado pelas Bahamas, o governo do México informou que está preparando um plano para as possíveis deportações em massa de migrantes mexicanos que podem ser ordenadas por Trump.
“Estamos trabalhando para levar em consideração todos os cenários possíveis e há um plano intersecretarial que será anunciado, no momento oportuno, pela presidente”, disse o ministro mexicano das Relações Exteriores, Juan Ramón de la Fuente, ao canal Televisa depois de uma reunião com a chefe de Estado, Claudia Sheinbaum, no palácio presidencial.
Autoridades mexicanas prenderam mais de 5.200 imigrantes na terça-feira (3), em uma grande operação em todo o país para impedir a chegada deles na fronteira com os Estados Unidos.
O governo do México vem sofrendo pressões dos Estados Unidos para evitar que imigrantes e drogas sintéticas, como o fentanil, atravessem a fronteira entre os dois países. Trump chegou a ameaçar de aumentar taxas contra o México caso o país não adotasse medidas para combater o tráfico de drogas e imigração ilegal.
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Fonte: G1
Quem são os imigrantes que podem ser alvos dos planos de deportação em massa de Trump?
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