terça-feira, 1, abril , 2025 06:59

O que explica o desdém de Bolsonaro por Tarcísio? "Azelites" e "uzmercáduz"

Claro que não! Aí está justamente o problema.

O ex-presidente não suporta o fato de que sua criatura tem muito mais o apreço das elites brasileiras do que ele próprio. Se o governador de São Paulo depende da sua anuência para não ser abatido antes de alçar voo — e, hoje, depende —, ele sabe que parte considerável do establishment econômico respiraria aliviado porque teria atendidas muitas de suas demandas, sem ter de lidar com os aspectos mais grotescos de uma figura como o dito “Mito”.

O próprio Bolsonaro já percebeu que seu aliado é capaz de dar saltos triplos carpados, em piruetas impressionantes. Rasga elogios às urnas eletrônicas em evento da Justiça Eleitoral e, dois dias depois, na presença do próprio Bolsonaro, diz que se referia à instituição, não ao sistema de votação. Nem o “capitão” engoliu.

Em recente evento com o mercado financeiro, Tarcísio acenou com reforma da Previdência, oposição à isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil e à taxação de dividendos e corte — ainda que tenha sido muito genérico — com gastos de saúde e educação. Cantou as glórias de Javier Milei e chegou a dizer: “Se ele pode fazer, por que a gente não pode?” O governador não precisa de Bolsonaro para adoçar a boca de parte da elite que sabe que o ex-presidente é um problema.

Mais: fingindo referir-se a Lula, afirmou no tal evento que um político precisa saber a hora de sair de cena. Isso não quer dizer que não esteja empenhando em montar o palanque em favor da anistia aos golpistas. Precisa disso. Se o “Mito” abre o flanco, seu aliado, ora incômodo, assume a condição de alternativa anti-Lula, e sua elegibilidade, que sabe impossível — não é besta nem nada — é chancelada.

Encoste a cabeça ao peito de Bolsonaro, para lembrar Ivan Lessa, e se vai ouvir o que diz seu coração: se Tarcísio se torna presidente, vai buscar a “conciliação” à sua maneira. O governador tem dito coisas do arco da velha sobre o Supremo, por exemplo, e deve repeti-las no ato em São Paulo. Se disputar, terá de ser nesse ambiente que chamam “polarização” — essa palavra estúpida —, mas parece que não teria como alimentar o cenário de crispação ideológica que confere identidade a seu “mestre”.

noticia por : UOL

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