quarta-feira, 28, maio , 2025 06:13

“Não podemos contratar brancos”: professor abre o jogo sobre discriminação em universidade americana de elite

Em 2020, o reitor da Universidade de Princeton, Christopher Eisgruber, ganhou as manchetes ao declarar que a instituição era culpada de “racismo sistêmico”. Ele se referia ao racismo contra minorias raciais, mas, na verdade, a instituição administrada por Eisgruber praticou o oposto: discriminou sistematicamente supostos “opressores”, como brancos e homens.

Embora a maioria dos professores de Princeton apoie a política de “antirracismo” promovida por Eisgruber, uma facção dissidente — formada por algumas dezenas de docentes — tornou-se mais vocal nos últimos meses. Na visão desses professores, o reitor é um administrador vingativo, que pune quem quer que questione a ortodoxia da chamada política de DEI — sigla em inglês para Diversidade, Equidade e Inclusão.

Esses dissidentes têm atuado nos bastidores para reunir evidências de práticas que consideram discriminatórias e esperam que o governo do presidente Donald Trump restaure o princípio da igualdade racial no campus.

Em entrevista editada para maior clareza e concisão, conversei com um desses professores, que não quis se identificar, sobre antissemitismo, ideologias radicais e a política de DEI em Princeton.

Christopher Rufo: Harvard e Columbia atraíram mais atenção em relação a ideologias radicais e ao antissemitismo no campus. Apresente um panorama do que está acontecendo aqui em Princeton.

Professor: O antissemitismo é, na verdade, um sintoma de um mal-estar mais profundo em Princeton, que é o fato de a universidade ter decidido adotar uma postura consciente e — como o reitor Eisgruber escreveu nos últimos meses do primeiro governo Trump — declarar que éramos “sistemicamente racistas”. Mas, se fomos sistemicamente racistas, foi contra brancos, judeus, asiáticos e indianos, em favor de outros grupos demográficos. Sempre nos disseram que tínhamos que dar tratamento especial às mulheres e a certas minorias demográficas.

Em dado momento, eu era um “oficial de busca” no meu departamento. Quando nosso departamento ia fazer uma contratação, um comitê de busca era constituído. Um agente de busca tem acesso a dados demográficos que o comitê de busca não possui e pode analisar a lista restrita e, em seguida, analisar os dados demográficos e dizer: “Acho que você deveria considerar esta ou aquela pessoa”, ou seja, pessoas que pertencem a determinados grupos.

Em uma reunião de oficiais de busca, fomos informados de que 70% do corpo docente é branco e que a composição do corpo docente precisa mudar para refletir a composição da turma de Princeton, que eles próprios haviam selecionado. Assim, tendo projetado a composição do corpo discente, queriam também projetar a do corpo docente.

Tenho um colega na área de ciências, e o departamento lhe disse: “Você não pode selecionar esta pessoa. Não podemos contratar um cara branco“. Esse colega foi até o chefe, que era judeu, e disse a ele: “Na década de 1930, era o que costumavam dizer sobre os judeus aqui em Princeton: ‘Não podíamos contratá-los porque são judeus'”.

Todo mundo sabe, mas os acadêmicos são covardes. Eles veem como o vento sopra e ficam quietos ou embarcam na onda.

Rufo: E como o senhor descreveria o reitor Eisgruber? Parece que ele está tentando construir uma reputação com essa política.

Professor: O que posso dizer é o seguinte: ele é muito inseguro por não ter um doutorado. Ele é um pouco antissocial. Ele não socializa com os professores. Ele é extremamente arrogante. Pode ter a ver com a insegurança dele. E ele vive em uma bolha. Ele criou um conselho de administração totalmente bajulador. O sonho de cada membro do conselho era se tornar um administrador de Princeton, e eles nunca o contrariariam porque jamais gostariam de perder essa posição. Este é o ápice da ascensão social para eles.

No ano passado, Eisgruber participou de um painel do American Enterprise Institute, em conversa com o ex-senador Ben Sasse, do Partido Republicano. Sasse perguntou: “Além de Robbie George, quem são os conservadores no campus?” Eisgruber não conseguiu citar um único nome, e o público riu. Robbie é o conservador “oficial” da universidade. O clima geral não é bom. Já vi muita gente praticando autocensura. Certamente, se você é um estudante conservador, cristão ou sionista, há muito medo: muitos preferem não se manifestar. Não há dúvida de que, por um tempo, os “woke” dominaram.

Rufo: E quem são as pessoas que Eisgruber recompensou?

Professor: Todas as pessoas que têm assinado essas petições anti-Israel e ido aos acampamentos estão sendo consideradas para os cargos administrativos mais altos. Por exemplo, há uma mulher chamada Ruha Benjamin que acaba de receber o Prêmio MacArthur, conhecido como “bolsa dos gênios”. Ela liderou um grupo de estudantes para tomar um prédio aqui e saiu do prédio um minuto antes da polícia chegar. [Benjamin alegou que ela era uma “observadora do corpo docente” durante a ocupação do Clio Hall em 29 de abril, embora muitos contestem essa versão.] Ela figura no site da universidade como “gênio”, apresentada como uma das acadêmicas mais brilhantes. No entanto, ela liderou iniciativas radicais sobre Israel e o Hamas no campus.

Não temos tantos ativistas extremistas quanto em Columbia, mas eles existem. Temos uma filial local de apoiadores do Hamas, e eles são homenageados pela universidade. Não são penalizados nem punidos de forma alguma; pelo contrário, são celebrados.

Rufo: E por quê? Sem querer ser grosseiro, mas o próprio Eisgruber é judeu. Não é o tipo de coisa que esperaríamos dele…

Professor: Não, espere aí. Ele descobriu que era judeu quando adulto. Foi uma descoberta bem tardia. Foi algo relacionado à imigração da família, investigado por seu filho. Não acho que tenha crescido com identidade judaica. Para mim, novamente, a questão principal é esta: ele aderiu à ideologia segundo a qual algumas pessoas são vítimas e outras, opressoras. Acho que ele adotou essa visão de forma completa.

Rufo: Pelo que eu deduzi até agora, há muitos personagens cínicos que seguem o caminho da menor resistência, e outros que realmente acreditam. Em qual categoria o senhor colocaria Eisgruber?

Professor: Acho que ele começou de forma muito cínica, pois queria ser reconduzido à presidência da universidade e temia ser substituído facilmente por uma mulher negra. Então, inicialmente, agiu por interesse. Depois de garantir sua recondução por mais cinco anos, passou a “beber o Kool-Aid” — expressão que significa aderir completamente a uma ideologia — e sentiu-se amplamente elogiado por isso. Existe uma elite, neste país, que se recompensa mutuamente por adotar certas ideologias, e ele faz parte dela.

Rufo: Por outro lado, como os homens brancos e judeus no corpo docente estão reagindo?

Professor: Principalmente com silêncio e medo. Um departamento de ciências exibia fotos de todos os chefes de departamento dos últimos 70 anos — todos homens brancos, muitos deles judeus. Um dia, todas as fotos desapareceram. A administração as removeu porque alguém achou inapropriado que aqueles homens brancos “observassem” quem passava. No entanto, vários desses homens foram fundamentais para trazer estudantes negros para Princeton nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Mas nada disso importa: são apenas rostos brancos — então, removeram todas as fotos. E ninguém se opôs — ninguém.

Rufo: E como você espera que esse conflito entre Trump e Princeton se resolva?

Professor: Quero que esta universidade seja severamente punida por seu comportamento ilegal. Quero que todas as suas ações sejam expostas, que todos os e-mails sejam tornados públicos — o que demonstrará, de forma inequívoca, que Princeton praticou discriminação ilegal. Quero que o reitor Eisgruber seja intimado a depor perante o Congresso, não apenas por antissemitismo, mas também por sua política de DEI e pelas alegações de “racismo sistêmico” que apresentou. Quero que ele seja publicamente levado ao banco das testemunhas. É isso que, em última análise, poderá causar à universidade uma vergonha profunda.

Christopher F. Rufo é pesquisador sênior do Manhattan Institute, editor colaborador da revista City Journal e autor de “Revolução Cultural Silenciosa: Como a Esquerda Radical Assumiu o Controle de Todas as Instituições“.

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©2025 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: “We Can’t Hire a White Guy”—a Professor on Life at Princeton

noticia por : Gazeta do Povo

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