A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 da região Centro-Oeste recebeu um total de 8,9 mil chamadas em 2023, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Mulher nesta segunda-feira (4). Mato Grosso foi o estado com menor número de ligações, com um total de 957 denúncias, durante todo o ano de 2023.
O estado da região Centro-Oeste que mais recebeu denúncias foi Goiás, com 3,4 mil ligações, seguido pelo Distrito Federal (2,7 mil) e Mato Grosso do Sul (1,7 mil).
Em todo Brasil, foram recebidas 568,6 mil ligações, o que equivale a 1.558 ligações diárias. Segundo o balanço, o volume de denúncias de violências contra mulheres em 2023 foi 23% maior que as informadas no ano anterior, passando de 87,7 mil para 114,6 mil.
Já as violações de direitos das mulheres passaram de 442,4 mil em 2022 para 596,6 mil em 2023, aumento de 25,8%, sendo que uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação.
Veja as denúncias mais recebidas:
- Ameaças à integridade psíquica, física, negligência ou patrimonial – 546 mil denúncias (91,52%)
- Impedimento de as mulheres usufruírem de sua liberdade (individual, sexual, de crença, laboral ou de expressão) – 33,6 mil denúncias (5,63% )
- Violações que dizem respeito a direitos sociais, violência institucional, entre outros – 16,1 mil (2,68%).
- Risco à vida das mulheres – 862 (0,14%)
2024
Ainda de acordo com o balanço divulgado, foram realizados 48,5 mil atendimentos telefônicos e 810 via Whatsapp somente em janeiro deste ano, em todo o país. O total de denúncias foi de 10,8 mil.
Casos de feminicídio
Em 2023, Mato Grosso registrou 46 casos de feminicídio em todo estado, o que corresponde a uma média de quatro feminicídios por mês. Destes, apenas 5 mulheres tinham medida protetiva contra o agressor, segundo levantamento da Policia Civil . O número representa que apenas 11,9% dos homens eram observados pela segurança pública.
A cidade do estado com maior número de casos no ano passado é Cuiabá, com cinco feminicídios, seguida por Sorriso (5), Cáceres (4), Sinop (3) e Mirassol D’Oeste (3).
Em agosto, o assassinato da advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, foi um dos casos de feminicídio que chocou a população do estado.
Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, foi encontrada morta dentro do próprio carro em Cuiabá — Foto: Reprodução
Cristiane foi encontrada morta espancada e asfixiada dentro do próprio carro no Parque das Águas, em Cuiabá, no dia 13 de agosto. O irmão dela localizou o veículo por um aplicativo que rastreou o celular dela. Ela havia passado a noite junto com o suspeito, Almir Monteiro dos Reis, de 49 anos, ex-policial militar, que foi autuado em flagrante por feminicídio. Os dois se conheceram no dia do crime.
No dia 24 de novembro, uma mãe e três filhas foram encontradas mortas dentro de uma casa, no Bairro Florais da Mata, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. As vítimas, segundo a Polícia Civil, foram identificadas como Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos.
Segundo a polícia, as quatro vítimas foram encontradas degoladas e com sinais de abuso sexual. Três delas estavam nuas.
Foto da família publicada nas redes sociais em um passeio na praia, publicada em 2018 — Foto: Instagram
Em janeiro deste ano, a mulher transexual Mayla Rafaela Martins, de 22 anos, foi encontrada morta por funcionários de uma fazenda, às margens da MT-485, entre Lucas do Rio Verde e Sorriso, no norte do estado. No mesmo dia, o empresário Jorlan Cristiano Ferreira, de 44 anos, foi preso em flagrante e confessou o crime.
Em um áudio gravado no momento da prisão e confirmado pelo delegado responsável pelo caso, o suspeito detalha a dinâmica do crime à polícia.
G1