Revelação foi feita pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, a comitê do Senado americano. A ideia de tirar os palestinos da Faixa de Gaza é defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, desde a primeira semana de seu mandato. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA
AP Photo/Jose Luis Magana
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, contou que o governo Trump perguntou a países do Oriente Médio se eles estariam abertos a aceitar moradores de Gaza que queiram se mudar voluntariamente.
A declaração foi dada nesta terça-feira (20), no Senado americano.
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Questionado pelos senadores do Comitê de Relações Exteriores da casa se os EUA haviam discutido com a Líbia sobre uma possível deslocamento de palestinos para o país, Rubio afirmou que não sabe se ele está entre os países consultados.
“O que conversamos com algumas nações foi: se alguém, voluntariamente e de bom grado, diz que quer ir para outro lugar por algum período de tempo porque está doente, porque os filhos precisam ir à escola ou algo assim, há países na região dispostos a aceitá-lo por algum período de tempo?”, declarou.
A ideia de tirar os palestinos da Faixa de Gaza é defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, desde a primeira semana de seu mandato. No dia 25 de janeiro, ele afirmou que os moradores deveriam deixar a região para que seja feita uma limpeza, e que Egito e Jordânia poderiam recebê-los.
Na época, tanto a Jordânia quanto o Egito demonstraram repúdio à proposta, defendendo que os palestinos tenham o direito de permanecer em suas terras.
No dia 4 de fevereiro, ao receber o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, Trump foi além: disse que quer tirar “todos” os moradores de Gaza de forma permanente.
“Em vez de [os palestinos] terem que voltar e reconstruí-la, os EUA vão assumir a Faixa de Gaza, e vamos algo com ela. Vamos tomar conta. Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, disse Trump, afirmando que seu país poderia liderar o processo de reconstrução.
Mais cedo, ele havia retirado os EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU e mantido a suspensão do financiamento para a agência da entidade que fornece assistência para refugiados palestinos, a UNRWA.
No dia 7 de abril, em uma nova visita de Netanyahu aos EUA, o presidente americano voltou a defender a retirada dos palestinos do território, que chamou de “propriedade imobiliária incrível”.
Trump já afirmou que a Faixa de Gaza tem potencial para ser a “Riviera do Oriente Médio” e repostou em suas redes sociais, no fim de fevereiro, um vídeo feito através de inteligência artificial que mostrava a transformação da Faixa de Gaza em um complexo de resorts (veja abaixo).
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Ajuda humanitária em Gaza
Nesta terça-feira (20), a Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu autorização de Israel para que cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária entrem na Faixa de Gaza.
Durante seu depoimento ao Senado, Rubio contou que outros 100 caminhões já aguardam para cruzar para Gaza e mais podem entrar nos próximos dias.
Os caminhões que já foram autorizados contêm comida e suprimentos para bebês e crianças, segundo Jens Laerke, porta-voz do escritório humanitário da ONU.
“Sabemos, com certeza, que há bebês em necessidade urgente e vital desses suplementos. E, se não os receberem, estarão em perigo de morte”, disse.
Caminhões carregando ajuda humanitária parados no lado israelense da passagem de Kerem Shalom, na fronteira com a Faixa de Gaza, em 20 de maio de 2025.
REUTERS/Amir Cohen
O diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, disse à rede britânica “BBC” nesta terça-feira que a ajuda humanitária entrando em Gaza é “uma gota em um oceano”. Fletcher afirmou também temer que 14 mil bebês possam morrer nas próximas 48 horas se ajuda humanitária suficiente não chegar a Gaza.
A ONU afirma repetidamente que Gaza, com uma população de cerca de 2,3 milhões de pessoas, precisa de pelo menos 500 caminhões por dia, entre ajuda humanitária e bens comerciais. Ao longo da guerra, caminhões com ajuda têm aguardado semanas e até meses na fronteira para entrar em Gaza.
Segundo Laerke, cinco caminhões de ajuda humanitária cruzaram a fronteira para Gaza na segunda-feira, rompendo um bloqueio israelense de 11 semanas. Israel diz ter liberado a entrada de nove veículos.
“O próximo passo é recolhê-los e, em seguida, distribuí-los por meio do sistema já existente —aquele que já se mostrou eficaz”, afirmou Laerke.
As taxas de desnutrição em Gaza aumentaram durante o bloqueio israelense e podem crescer exponencialmente se a escassez de alimentos persistir, alertou um responsável de saúde da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), durante a mesma coletiva.
“Tenho dados até o final de abril e eles mostram que a desnutrição está em alta”, disse Akihiro Seita, diretor de Saúde da UNRWA. “E a preocupação é que, se a escassez atual de alimentos continuar, o aumento será exponencial, podendo sair do nosso controle.”
A entrada de ajuda humanitária ocorre em meio à ofensiva terrestre israelense e ataques aéreos diários no território palestino. Os bombardeios israelenses mataram ao menos 60 palestinos nesta terça-feira, segundo o Ministério da Saúde palestino controlado pelo grupo terrorista Hamas.
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Fonte: G1
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