A pouco mais de uma semana da exposição mundial de 2025, em Osaka, no Japão, o pavilhão brasileiro pegou fogo. Foi logo apagado e, segundo a organização, citada por jornais japoneses, ninguém se feriu, só danificou o material do teto.
Segundo a diretora artística Bia Lessa, nem isso. “Teve um acidente num dos motores. Não danificou nada.” Neste domingo (13), o pavilhão será aberto ao público junto com toda a Expo 2025, para durar seis meses.
Lessa conta que uma das inspirações para o teto foi o livro “A Queda do Céu“, do xamã ianomâmi Davi Kopenawa. “Estou trabalhando com infláveis, em torno de 80”, disse ela. “São umas árvores penduradas no teto, como se fosse uma brincadeira, uma inspiração na ‘Queda do Céu’ e também essa coisa popular, de que o céu vai cair sobre as nossas cabeças.”
Os infláveis são meio homens, meio plantas. As paredes são cobertas de sacos de lixo. “E tudo isso respira o tempo inteiro. Ele é vivo, não é parado. E ele morre e renasce.” O tema da exposição mundial é “Desenhando a Sociedade do Futuro para as Nossas Vidas”. No entender da diretora, “é a questão prioritária de todos nós, o momento de definição se existiremos”.
No caso brasileiro, ela procura, “em vez de ficar fazendo só uma autopromoção das nossas riquezas naturais, fazer uma convocação de todos os países, um manifesto para uma ideia colaborativa”. Até porque “o que está acontecendo com o mundo é um pânico, é muito assustador”.
No espaço, ela busca remeter ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), de quem foi próxima e que criou o pavilhão brasileiro para a Expo 1970, na mesma Osaka. “O Paulo fez um completamente aberto, um imenso espaço. E o nosso, conversando com o dele, também é um pouco isso.”
O espaço agora é mais acanhado. Segundo Jorge Viana, ex-governador do Acre, hoje diretor da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), órgão responsável há mais de dez anos pelo pavilhão em Osaka, “antes estava previsto um projeto de 3 mil metros quadrados, que a gente reduziu para mil”.
E o projeto “focou bem no conceito da Expo”, que ele descreve como os desafios para a vida no planeta. Estão sendo programados debates sobre questões como transição energética e agronegócio.
Ouvido na visita de Estado de Lula a Tóquio, há duas semanas, Viana não havia conseguido levar o presidente até Osaka, mas a primeira-dama visitou e se encontrou com a diretora artística. “Janja gostou muito”, falou.
Para além do Brasil, a Expo 2025 busca se inserir na linha histórica das exposições que anunciam vanguardas em arquitetura, mostrando a visão de futuro dos países. Nesse âmbito, o que mais impressiona, segundo Bia Lessa e a maior parte do noticiário, é o anel de madeira criado em torno de todo o espaço, na ilha artificial de Yumenoshima.
De acordo com o arquiteto japonês Sou Fujimoto, que o concebeu, o Grande Anel “é um símbolo para o nosso tempo, o início do século 21, em que a diversidade ao redor do mundo parece estar se desfazendo”.
O projeto refletiria “o desejo de manter tudo unido, junto”, das nações que se encontram na Expo 2025 para pensar sobre o futuro. Segundo o Guinness, o anel é a maior estrutura arquitetônica de madeira no mundo.
Entre os pavilhões, os que mais vêm chamando a atenção desde a montagem são aqueles do Japão, o maior, e da China, também um dos maiores. O japonês, que lembra um labirinto circular, também é uma estrutura em madeira, como o anel, e simbolizaria “o ciclo da vida”.
O design frontal do pavilhão chinês lembra tiras gigantes de bambu, como aquelas em que eram escritos os livros de dois mil anos atrás. Os visitantes serão recebidos por um robô humanoide e verão atrações como, pela primeira vez, as pedras trazidas do lado distante da Lua pela missão Chang’e-6.
Também aguardado, o pavilhão americano abraça o patriotismo como futuro e apresenta uma pedra lunar, trazida em 1972. “Esse dos Estados Unidos é uma coisa doida, eu até falo que o meu ideal é que ninguém entre nele”, diz Lessa.
Explica o motivo: “Tem dois LEDs gigantes com uma bandeira dos Estados Unidos passando a cara do Trump. É uma coisa, assim, bem surreal”.
noticia por : UOL