A Prefeitura de Cuiabá informou que vai consultar biólogos, veterinários e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para verificar a possibilidade de retirar as capivaras que vivem nos parques municipais para outras áreas.
De acordo com o município, há várias denúncias de maus-tratos aos animais que vivem nesses espaços.
Em Cuiabá, dois parques públicos possuem capivaras. Elas já estavam no Parque Tia Nair e no Parque das Águas antes da construção deles.
Além disso, os moradores que frequentam esses espaços relatam que há atropelamentos e muitas capivaras estariam morrendo de fome e doenças.
Um vídeo que mostra uma capivara ferida no Parque da Águas começou a circular nas redes sociais, neste fim de semana e rendeu muitos comentários sobre supostos maus-tratos vivenciados pelos animais.
A doutora em ecologia e pesquisadora do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Viviane Layme, conta que não é seguro para as capivaras e outros animais silvestres viverem em ambientes urbanos e ficarem tão próximos das pessoas e de animais domésticos.
O primeiro fator de segurança está relacionado à zoonoses desses animais, por serem vetores de doenças e também pelo risco de serem contaminados por animais domésticos.
Mesmo que os parques públicos sejam mais conservados, não são capazes de suprirem a alimentação suficiente para uma população que está em constante crescimento.
“No ambiente urbano eles não têm predadores, que seriam o jacaré e a onça. Eles são roedores então crescem muito rápido e possuem muitos filhotes, em um ambiente natural, a maior parte dos filhotes seriam predados, fazendo com que exista um próprio controle natural da população”, afirma.
O desmatamento e a transformação do período urbano têm retirado o espaço de vida desses bichos. Muitas vezes, eles começam a sair dessas áreas e vão pra a área urbanizada porque vão perdendo espaço.
Em junho do ano passado, um grande grupo de capivaras foi visto atravessando a rua em frente ao Parque das Águas, em Cuiabá. Com o crescimento da população de capivaras elas começam a procurar outros ambientes e começam a ficar ilhados.
De acordo com a especialista, a análise de veterinários é necessária no estudo pelo bem-estar e para fazer a captura desses animais.
Os animais também passariam por uma triagem para checar se estão doentes e não servirem de vetores no ambiente natural.
Do ponto de vista ecológico, é preciso levar em consideração na hora de remover a população e soltar em outra área.
“Não pode separar esses bandos porque eles têm uma forma de organização social e isso precisa ser mantido nesse processo porque podem causar mais problemas. Se pegar uma parte desses indivíduos e misturar com outro bando, mesmo que solte em outro lugar cheio de alimento, pode causar conflitos e mais sofrimento entre eles”, afirma.
Já a área escolhida para a translocação passará por o estudo para saber se comporta essa nova população, porque no local pode ter outros animais da mesma espécie e também não ter recursos alimentares suficientes, podendo ultrapassar a capacidade do ambiente.
“As capivaras como qualquer outro mamífero são territoriais e eles têm um apego a área de vida onde nasceram e criaram, mesmo estando a bastante tempo em área urbana eles conseguem se adaptar, mas há todo um processo de remoção e translocação desses indivíduos”, afirma.
Por último, é necessário um monitoramento dos grupos translocados durante um período para se assegurar de que a remoção deu certo, de fato.
InformaMT/G1