O ex-presidente da Filipinas Rodrigo Duterte, preso em março deste ano por crimes contra a humanidade, foi eleito nesta segunda-feira (12) prefeito da sua cidade natal de Davao, uma metrópole de 1,7 milhão de habitantes.
Com mais de 80% dos votos apurados, Duterte tinha oito vezes mais votos que seu rival, de acordo com a agência de notícias Reuters. O ex-presidente foi acusado de crimes contra a humanidade por conta da condução da guerra às drogas quando estava no poder. Milhares de pessoas foram mortas pelas forças de segurança na época.
A vitória de Duterte, que acontece durante as eleições de meio mandato das Filipinas, mostra a força que o político ainda reúne na sua cidade natal, a terceira maior do país. Lá, sua reputação de alguém que enfrenta o crime o rendeu apelidos como “o Justiceiro”.
Apoiadores lotaram as redes sociais do ex-presidente com mensagens comemorando sua eleição e pedindo que ele volte ao país para tomar posse. Duterte foi prefeito de Davao por 25 anos, entre vários períodos (1988 a 1998, 2001 a 2010, e 2013 a 2016).
Os dois filho de Duterte também devem ser eleitos nesta segunda. Um deles será vice-prefeito de Davao e deve governar a cidade na ausência do pai, e o outro foi reeleito deputado. A filha de Duterte, Sara, é vice-presidente das Filipinas, mas enfrenta um processo de impeachment que pode terminar com a cassação de seus direitos políticos. Ela é citada com frequência como uma possível candidata à Presidência.
Duterte foi preso em Manila em 11 de março de 2025 e levado para Haia, na Holanda, sede do TPI. Duterte lança provocações ao TPI desde quando retirou as Filipinas do tratado fundador da corte, em 2019 —naquele ano, o tribunal começou a investigar acusações de assassinatos sistemáticos sob sua supervisão.
Internamente, Duterte não foi acusado de nenhum crime, e as investigações caminham lentamente. Já no TPI, o político de 79 anos enfrenta uma acusação de crimes contra a humanidade pela política antidrogas que, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, matou dezenas de milhares de pessoas —a maioria, homens pobres que, muitas vezes, não tinham evidências de vínculos com o narcotráfico.
O arquipélago composto por 7.641 ilhas e lar de 110 milhões de pessoas foi presidido por Duterte de 2016 a 2022. Segundo a polícia, 6.200 suspeitos foram mortos durante operações antidrogas nesse período, enquanto ativistas falam em números muito maiores e citam milhares de usuários de drogas em favelas mortos em circunstâncias misteriosas.
noticia por : UOL