sábado, 10, maio , 2025 10:28

Orgulhosos, peruanos agora esperam que Prevost volte ao país como papa Leão 14

Enquanto espera pela missa das 18h, Hugo Torres, 70, faz um prognóstico. “Daqui a um ano, quando as pessoas se derem conta de que o papa esteve aqui, não vai ter lugar vazio”. O engenheiro industrial e morador de Trujillo (a 500 km de Lima) diz se lembrar de quando Robert Prevost morou na cidade peruana.

“Dava para ver que era um homem culto e preparado, mais do que a média dos sacerdotes. Por se tratar de uma comunidade recente, os padres daqui também eram muito jovens, ele era como uma espécie de referência para eles também”, conta Torres.

Uma sequência de casas baixas e coloridas e prédios recentes abraça a igreja de tijolos marrons da ordem dos agostinianos. Nos fundos, crianças ensaiam uma apresentação musical; na lateral, antes da missa, um grupo com fiéis de todas as idades canta hinos religiosos e dança próximo a um retrato do novo pontífice.

De 1992 a 1999, o agora papa Leão 14 foi padre fundador da paróquia de Nossa Senhora de Montserrat. Ele também ajudou a fundar uma outra na cidade, a de Santa Rita de Cássia.

Apesar de ter nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost tem uma ligação antiga com o Peru. Ele foi ordenado sacerdote em 1982 e, três anos depois, foi enviado em sua primeira missão a Chulucanas, localidade próxima a Piura.

Em 1988, chegou a Trujillo para dirigir o projeto de formação comum para aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Ocupou diferentes postos na hierarquia da igreja até 1999, quando voltou para os Estados Unidos. Em 2014, o papa Francisco o nomeou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo. No ano seguinte, Prevost se tornou cidadão peruano.

Nas três cidades onde ele viveu, os sinos das igrejas tocaram para comemorar a escolha do novo papa na quinta-feira (8). Isso depois de a fumaça branca anunciar na Basílica de São Pedro que os 133 cardeais votantes do conclave tinham chegado a uma conclusão sobre quem guiaria a Igreja Católica após a morte do papa Francisco.

Nesta sexta-feira (9), o que se via em Trujillo era uma fila de carros tomando a entrada do pequeno aeroporto. Religiosos, jornalistas e curiosos vieram à região para conhecer um pouco mais da vida do novo papa no norte do Peru.

“Eu não me esqueço da emoção de estar perto quando o papa Francisco visitou o Peru e a nossa cidade, em 2018”, diz o motorista Jair Acuña, 48. “A multidão não me deixou chegar tão perto assim, mas ficou para sempre marcado na minha memória. Vimos Prevost ao lado de Francisco e agora estamos esperando que o nosso Leão volte ao Peru como papa.”

“É um orgulho para os peruanos ter um papa que viveu aqui, que adotou o Peru como sua casa e que tinha a identidade peruana”, resume a professora aposentada María Dulce Camazos, 62, enquanto leva a neta para um evento em comemoração do Dia das Mães na paróquia. Ela diz se recordar de Prevost como um religioso nobre e, ao mesmo tempo, humilde. “Sempre tinha uma palavra de consolo para os que mais precisavam dela.”

Terceira cidade mais populosa do país, Trujillo ainda conserva muitas características do período colonial, inclusive no destaque que os prédios religiosos têm no horizonte.

O seminário onde o pontífice atuou como professor, fica a alguns passos da praça central, que é dominada pelo edifício amarelo vivo da Catedral de Santa Maria, ao lado do prédio do arcebispado.

“É a nossa obrigação, como católicos, amar a todos os povos, mas é claro que dá um orgulho saber que esse homem tem uma relação tão profunda, uma história com o nosso país”, diz o vendedor ambulante Hector Mendéz, 52, enquanto arruma suas flores em frente ao prédio da Universidade Católica de Trujillo. “Nos sentimos até mais importantes desde que ele foi escolhido.”

noticia por : UOL

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