O governo Lula enfrenta duras batalhas no campo da comunicação e não consegue pautar ou dominar os debates ao longo da semana. No monitoramento da Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram, foram três eventos que destoaram em termos de engajamento e que impuseram derrotas na briga de narrativas: prisão de Collor, a fraude do INSS e o funeral do papa Francisco.
Com uma oposição que sabe como fazer uso das redes sociais e consegue se organizar no ambiente digital, o governo Lula não tem uma tarefa simples, uma vez que toda pauta se torna uma oportunidade para que os parlamentares se posicionem e tentem alavancar seu engajamento. Sendo assim, é como se fossem metralhadoras disparando incessantemente em direção ao governo.
Há uma tentativa constante de moldar a opinião pública, mas o que o monitoramento da Palver aponta é que muitas vezes o uso de desinformação é a estratégia principal na tentativa de influenciar a população.
No caso da prisão do ex-presidente Collor, rapidamente os grupos da direita aproveitaram a oportunidade para promover uma narrativa de que o ministro do STF Alexandre de Moraes está em conluio com o governo Lula para criar uma cortina de fumaça em torno da fraude do INSS.
Através de vídeos, a direita acusa Moraes de estar preparando o terreno para uma eventual prisão de Bolsonaro. Para difundir a tese, divulgaram a informação falsa de que Collor foi preso em cela comum, diferenciando-se, assim, de Lula, que ficou preso na Superintendência da PF em Curitiba. Essa versão foi espalhada por diferentes autores, sempre argumentando que Moraes está perseguindo Bolsonaro e o quer em cela comum.
Além disso, nos grupos de direita do WhatsApp analisados pela Palver há uma série de vídeos afirmando que Collor foi preso quando chegou ao aeroporto de Maceió, onde estaria aguardando seu voo para Brasília, pois iria voluntariamente prestar esclarecimentos. A informação falsa foi divulgada para sustentar a tese de que Moraes o prendeu para desviar o foco da atenção da fraude do INSS.
O tema do esquema de desvios no INSS foi dominante nas redes sociais e também a maior derrota sofrida pelo governo. A narrativa dominante é a de que os desvios teriam beneficiado o irmão de Lula. E, nesse sentido, grande parte das imagens, vídeos e mensagens de textos tentaram enfatizar Lula e corrupção na mesma linha.
De acordo com as investigações, os desvios teriam acontecido entre 2019 e 2024. Nos grupos de direita, houve a tentativa de neutralizar qualquer tipo de vínculo do caso ao governo Bolsonaro. Nos vídeos, diferentes autores repetem a pergunta: “Por acaso você já viu Bolsonaro vinculado a sindicatos” e continuam afirmando que esse é o campo da esquerda. Reforçam, ainda, que Bolsonaro foi quem criou uma medida provisória para que as contribuições sindicais não fossem feitas diretamente sobre o salário.
Para fechar a semana, o governo ainda foi criticado por conta do tamanho de sua comitiva para acompanhar o funeral do papa Francisco no Vaticano. Uma série de imagens comparando a quantidade de pessoas que compuseram a comitiva de outros governos como Argentina, França e Espanha. O argumento principal é de que o governo gasta muito e não está preocupado.
Em todos os três casos, a esquerda esboçou algum tipo de reação, principalmente no caso do INSS, em que tentou reforçar que as investigações foram conduzidas pelo governo Lula e as fraudes aconteciam desde o governo anterior. Contudo, com a rápida mudança de tópicos, não conseguiu deter a narrativa dominante em nenhum dos casos.
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noticia por : UOL