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quarta-feira, dezembro 25, 2024

Como sobreviver às fake news e ao ódio de parentes na ceia de Natal

Este é o momento do ano em que o Evangelho de Mateus, capítulo 22, versículo 39 (“Ame o próximo como a ti mesmo”) se cansa e dá lugar ao Evangelho de Lucas, capítulo 23, versículo 34 (“Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem”).

Se o pessoal lesse direito, entenderia que a mensagem-base do cristianismo é de amor e tolerância. Contudo, como não canso de repetir: falta amor no mundo, mas também falta interpretação de texto.

A melhor sugestão para os dias 24 e 25 de dezembro teria sido tatear o terreno com antecedência. Muitas famílias têm grupos de zap que são ótimos termômetros do (mau) humor coletivo. Outra alternativa é perguntar aos avós (eles sempre sabem das coisas) se o nível da tensão familiar está tranquilo ou se a nova prisão do Daniel “Surra de Gato Morto” Silveira pelo ministro Alexandre de Moraes azedou a maionese.

Se diante da sondagem lhe vier à mente a filosofia de Carga Pesada (“É uma cilada, Bino!”), prepare-se.

Se cilada houver, invente uma viagem. Invente uma doença. Invente um plantão – ou não invente, apenas aceite o plantão, pois é muito mais legal folgar no Ano Novo do que no Natal. Invente um jantar na casa da família da namorada ou do namorado. E, para isso, invente a namorada ou o namorado que talvez você não tenha. Se o casal tiver o mesmo problema, pode dar a mesma desculpa e ir comer um pernil no bar Estadão, que fica aberto inclusive na noite de Natal (juro que não ganhei nada pelo merchand).

Outra alternativa é permanecer calado na ceia ou no almoço de Natal. Não faça nenhum comentário mesmo diante das maiores aberrações. No final, abrace forte o tio ou cunhado em questão, no mais completo silêncio, por um tempo diretamente proporcional à quantidade de sandices que ele disse. Dê um beijo no rosto dele e vá assistir os quatro filmes da saga de John Wick no streaming.

noticia por : UOL

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